Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Pa-ssou

E assim se foi outro ano. Outro ciclo. Outras boas histórias. Algumas ruins também. Mais experiência. Menos paciência. E um ensino médio que ficou pra trás.

Sim, bateu saudades agora! Abri o blog, comecei a escrever e as lembranças vieram...Várias! Desde lá dos ensaios técnicos, em Sampa, pro carnaval 2013; até as brejas tomadas em tudo quanto é canto de Pinda, agora em dezembro. Foi, sem dúvidas, um dos meus melhores anos em termos de amizade. No amor nem tanto. Nos estudos, ainda espero o resultado dos vestibulares prestados. 

Seja lá o que vier, valeu sim cada aula na escola, no cursinho. Esse ano eu aprendi a estudar "na marra". E vou levar tudo isso comigo. Cada aula perdida valeu também, que ninguém é de ferro, né? hahaha. Encerro, assim, o terceirão; e junto, minha passagem por Pindamonhangaba. Guardarei pra sempre tudo o que passei aqui, mas sinto que tá na hora de mudar, de viver outras fita. Não quero sumir, apenas respirar outros ares - mais poluídos, talvez. 



Vou lá começar outras histórias, mudar de cidade, vivenciar o que eu sempre senti falta. E eu prometo que conto como foi, tá? 


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O lado B de 2013

Em 2013, ao contrário de outros anos, eu não ouvi tanta música assim. Não baixei muitos discos. Muito menos os comprei. Ouvi muito mais o que eu tinha no "acervo" do cartão de memória/notebook. E as vezes aquela passadinha de leve no Youtube, ou pelos discos velhos do armário. Mesmo assim, afirmo que escutei muita coisa boa. Mas, infelizmente, o ano foi marcado pelo grande número de perdas na área da música nacional. Pelo menos pra mim. Se foram, em 2013, cantores e compositores de faixas que marcaram minha vida. E como o número de perdas foi bem grande, resolvi listá-las e relembrar suas músicas que ficarão eternizadas.

#1 Em pleno carnaval, no dia em que sua escola de samba entraria na avenida mais tarde, morreu o compositor Xixa. Além de ajudar a fundar a Leandro de Itaquera, Xixa; compositor de diversos sambas da escola, participa da autoria do samba que pra mim é um dos maiores da escola da Zona Leste: Vale Ouro, Meu Brasil, Minha Terra, Meu tesouro. A letra conta muito bem a história do ciclo do ouro no Brasil, num carnaval em que as escolas contavam todas a história de nosso país, que fazia 500 anos. Puxado por Eliana de Lima e sustentado pela Majestosa bateria, o samba carrega um melodia muito gostosa. Traz de volta os bons tempos da Leandro. O desfile de 2000 lhes rendeu um quinto lugar.

10 de fevereiro - Xixa

#2 Pegando todo mundo de surpresa, em março, vem a notícia da morte de Chorão. Vocalista do Charlie Brown Jr, ele e toda banda marcaram minha vida como os principais representantes da juventude de minha época. Charlie Brown fazia algo único, conquistar todo o público mais jovem. Desde a galera mais pobre, aos playboys. Dos funkeiros aos roqueiros. Geral! É a única unanimidade musical que eu conheci entre o pessoal da minha idade. Chorão tornou-se o símbolo disso. E com méritos, pois tinha uma interpretação muito boa e um talento para escrever melhor ainda. Ele era do rock, mas cantava reggae, curtia um samba e também mandava bem no rap. Era sincero em suas letras. E n'O Preço, essa sinceridade fica explícita. Pra mim, uma das maiores músicas da banda. E também a que não sai da memória.

06 de março - Chorão

#3 No mesmo mês em que morreu Chorão, falece também Emílio Santiago. "A melhor voz do Brasil" - sem precisar de nenhum reality show televisivo - imortalizou canções de diversos compositores brasileiros. Numa época de grandes cantores, Emílio fora talvez um dos últimos intérpretes marcantes na música nacional. Emprestou sua voz a clássicos da MPB, mas o negão se dava mesmo com o samba. Entre as músicas memoráveis interpretadas por ele, Saigon e Verdade Chinesa foram as que me marcaram muito. Espero agora explorar mais esse universo cantado por Santiago.

   20 de março - Emílio Santiago

#4 Outro cara que eu necessito explorar sua obra, é Paulo Vanzolini. Sambista também, compositor de primeira qualidade, paulista que se tornou símbolo do samba na cidade do trabalho. Famoso por seus sambas eruditos, Vanzolini nasceu e morreu em Sampa. Sua obra é a cara da cidade. Saiu há tempos um filme sobre ele. Ainda não vi, mas com certeza fará parte da lista de filmes que irei ver em 2014.

28 de abril - Paulo Vanzolini

#5 A morte no meio da música que chocou o país esse ano foi a do Mc Daleste, muito mais pela forma como ocorreu do que pelo que ele representava. Moleque da Zona Leste de Sampa, que cresceu em quebrada, junto ao crime e a violência; e escolheu o caminho do funk como trabalho. Começou cantando o que via, o que gostava. Como um cronista da favela. Por meio da batida eletrônica swingada do funk ele descreveu onde morava. Seu bairro. Sua cidade. Sua quebrada. E a dos outros também. Aos poucos, foi mudando. Passou a exaltar o luxo, o dinheiro e as mulheres. Passou a cantar o sonho de todo favelado. Passou pro funk ostentação. E no auge de sua carreira foi morto em cima do palco, de braços abertos, com o microfone na mão. Sem direito de defesa. Literalmente, morreu cantando. Na frente de seu público. Mas suas músicas, que há milianos chegavam até meu celular por bluetooth, ficarão pra sempre na minha memória como trilha sonora daqueles rolês de bike que não voltam mais.

   07 de julho - Mc Daleste

#6 No ano seguinte ao centenário de seu mestre, Gonzagão, Dominguinhos nos deixa. Símbolo da sanfona no Brasil, atualmente ele estava percorrendo o país com a série O Milagre de Santa Luzia, que conta histórias e depoimentos de sanfoneiros regionais. Figura sorridente, Dominguinhos espalhava acordes e alegrias através da música nordestina. Mais um da série dos que eu pretendo conhecer melhor a obra. Que é muito boa. É boa de mais.

23 de julho - Dominguinhos

#7 Nem seis meses após a morte de Chorão, e pouco tempo depois de remontar outra banda com os antigos companheiros de Charlie Brown, chamada A Banca; Champignon, antigo baixista que tinha assumido os vocais, também morreu. A banda Charlie Brown marcou minha vida desde pirralho até agora. Desde a época lá da Malhação até o Música Popular Caiçara. E Champignon era mais um integrante da banda unanimidade que se foi. Era mais um que não usava sapato. Era mais um.

 09 de setembro - Champignon

#8 Outro compositor de mão cheia que se foi. Outro sambista. Me marcou muito mais por um samba em especial do que por toda sua obra, que eu quase não conheço. Um dos autores de Andança, que Beth Carvalho eternizou em sua voz, Paulinho Tapajós e cia fizeram uma obra-prima. O samba tem letra e melodia singela, mas com uma profundidade sentimental enorme. Sem falar no contracanto do refrão que dá mais charme a canção. A música ainda carrega um ar de saudosismo. Simplesmente linda!

25 de outubro - Paulinho Tapajós

#9 Pra aumentar a lista de sambistas "lá no céu", Délcio Carvalho também acabou falecendo. Parceiro antigo de Dona Ivone de Lara, o rapaz que também era compositor nos deixou seu legado musical. Autor de músicas conhecidas, sendo a principal delas, pelo menos pra mim, Sonho Meu, imortalizado nas vozes de Maria Bethânia e Gal Costa. Trata-se de outro samba de amor, outro samba com ares antigos. Outro "samba que mexe o corpo da gente".

12 de novembro - Délcio Carvalho

#10 E por fim, já quase acabando o ano, vem a triste notícia sobre o padecimento de Reginaldo Rossi, o Rei do Brega. Num tempo em que a padronização musical é divagada por todo o país, Reginaldo era um sobrevivente de um estilo rítmico diferente; irreverente e bem-humorado. Me marcou por sua originalidade em suas letras; simples, porém bem elaboradas. Ícone nordestino, ficou imortalizado pelas mesas dos bares de todo o país. Uma canção que ultrapassou gerações, e vai seguir ultrapassando - enquanto houver corno no Brasil.

20 de dezembro - Reginaldo Rossi

E assim passou 2013... levando alegrias e deixando tristezas. Levando talentos; mas, com certeza, semeando outros mais que virão. 

Que 2014 não seja tão cruel com a música brasileira!




sábado, 28 de dezembro de 2013

Vergonhão 2013

O ano esportivo do Brasil, no geral, foi muito bom. Títulos importantes no mundial de vários esportes individuais associado a bons resultados obtidos pelos atletas brasileiros nos esportes olímpicos, alimentam um expectativa positiva em relação as Olimpíadas em 2016, realizada no Rio de Janeiro. Houve também emocionantes vitórias nos tradicionais esportes coletivos como o voleibol, o futebol de areia e o futsal. A grande surpresa veio no fim do ano com a belíssima campanha das meninas do handebol no campeonato mundial, em que foram campeãs invictas na Sérvia - e batendo as donas da casa numa final equilibradíssima, entrando pra história do esporte nacional. A decepção ficou por conta dos caras do basquete.

Meninas do Handebol fazem a festa em quadra

Mãaaaaaaaaaas, quando se fala em esporte no Brasil, rapidamente vem a cabeça da população um esporte em especial: futebol. No dito o país do futebol, o ano tenderia a ser muito bom também. Já que nossa seleção ganhou a Copa das Confederações de forma extraordinária, derrotando na final a tão temida seleção espanhola. E que na Taça Libertadores da América o time do Atlético Mineiro mostrou técnica (e muita sorte também) ao vencer de forma dramática jogo a jogo, deixando sempre para os minutos finais as maiores emoções.

No entanto, o belo ano esportivo do Brasil como um todo foi manchado no final dele. Não dentro de quadra, de campo ou de pistas. Não. Foi manchado dentro de um tribunal. Outra vez. O fatídico Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que juntamente com a lastimável Confederação Brasileira de Futebol (CBF), conseguiram rebaixar um time que jogou o campeonato brasileiro suficientemente bem para não ser rebaixado à série B, e que porém irá disputá-la em 2014. E, no lugar desse time que fez campanha para ficar na primeira divisão, salvou um clube que não mereceu - devido a sua classificação ruim na tabela final - permanecer na elite do futebol brasileiro.

Torcedores da Portuguesa mostram sua indignação

O time que caiu mas não deveria é a Portuguesa (sim, sempre a Portuguesa!). E o time que caiu, mas ficou é o Fluminense (sim, o FluminenCe... rs). A Lusa, na última rodada, já praticamente sem chances de ser rebaixada, utilizou um jogador - por cerca de 10/15 minutos apenas - que estaria impedido de jogar. O jogador teria tomado uma suspensão, e não deveria estar em campo, mas por erro de comunicação (sabe-se lá de quem) acabou participando de um jogo que nada valia. Estranho, não? Mais estranho ainda é punir com o rebaixamento um clube por uma bobagem como essa que nem ao menos interferiu no resultado do jogo, quanto mais do campeonato. Um julgamento totalmente desproporcional que, claro, gerou polêmica.

Enfim, o que fica de toda essa história é que o cenário nacional de futebol necessita urgentemente de mudanças. Dos outros esportes não sei, provavelmente precisem também; mas o futebol (talvez por ser o esporte do povo e da mídia) é o que fica mais evidente. Novos ares foram dados a CBF recentemente, mas que na prática pouco se alterou. Cria-se, há tempos, uma espécie de máfia do futebol, conservadora, que não toma medidas que deveriam ser tomadas. Quem acompanha o futebol sabe, e também torna-se cético quanto às mudanças. O Campeonato Brasileiro em pontos corridos é um dos pontos que precisa ser revisto, por exemplo. Extenso, torna-se chato, com uma quantidade desnecessária de jogos; uma espécie de cópia ao modelo europeu, que talvez por interesse de empresários que lucram com isso, não muda. Agora então, a Copa do Brasil também fora "engordada"; absurdamente os clubes que disputaram a Libertadores puderam entrar nela também. Isso a desvaloriza. Sem contar os campeonatos estaduais que vem sendo minimizados a pré-temporadas, tendo sua relevância minimizada pelos dirigentes dos clubes. A lista é enorme! Assim, descontentes também, sem direito a férias ou descanso, os jogadores se uniram por melhores condições e fundaram o Bom Senso FC. Longe deles serem o ideal para a mudança que tem de ocorrer no esporte nacional, mas é um indicativo extremamente forte de que "do jeito que a coisa tá, num pode ficá".

Quem perde com tudo isso é, sobretudo, o público esportivo; que cada vez mais vai se afastando de uma paixão por descordar (e desconfiar) do que ocorre na parte interna. É o meu caso. Infelizmente.

E olha que eu nem falei da FIFA, hein? rs

sábado, 26 de outubro de 2013

Outubrite

Passou setembro, veio outubro; e o bagui ainda tá osso!

Sigo me revezando de uma casinha pra outra, esquecendo cueca numa, chinelo noutra, carregador de celular, caderno de escola... Já viu, né?

E nesse último final de semana do mês veio o auge da maré ruim: o ENEM. Adorei fazer a prova no ano passado, mesmo estando no segundo ano, e sem estudar, eu me saí até que bem. Dava pra entrar suave em vários cursos de humanas numas federais lá do nordeste. Aí neste ano, que eu tô no terceirão e estudando que nem um puto: minha inscriçao não confirma. Perdi a prova por alguma confusão na inscrição, na confirmação, nos dados, sei lá eu... Foda-se. Agora já foi. Só acho que daqui não piora mais, né? rs (assim que escrevi isso fui picado por um pernilongo bem no dedinho do pé, kkkk)

Enfim, o ano tá acabando, o ciclo tá se fechando. E eu ainda tô postando menos que gostaria aqui. Cada vez mais com vontade de me mudar de Pinda, de estudar jornalismo, de ganhar o mundo, de mandar a física e a química pra putaqueolpariu! Mas enquanto não posso, vou levando... Levando do jeito que dá, com aquele samba do Martinho na cabeça: "que a vida vai melhorar".

sábado, 21 de setembro de 2013

A(des)gosto

O mês 8 nunca foi lá um mês muito próspero pra mim. Não me lembro de nada muito bom que tenha acontecido nele. Já de ruim... rs
Este ano, já não bastasse o ritmo que eu tô de estudar manhã, tarde e noite; minha querida mãe vendeu a casinha que a gente morava. Justo em agosto.
Não mudei pra outra cidade, outro lugar, não. Mudei pra rua de trás. Mas com um detalhe: a casa tinha que ser inteirinha reformada. Sala virando quarto, cozinha virando lavanderia, banheiro no lugar da sala... mudou tudo. Aliás, estamos em setembro, e ainda tão subindo parede lá. Pra não parar os estudos nesse (quase) final de ano, fui pra hotel e finalmente pra casa do papai - do outro lado da cidade. Detalhe é que aqui não tem internet - a não ser do celular - , nem computador
Beleza, novas experiências, pá... Fazer o que? Até aí tudo bem, mas não bastando isso tudo, fiquei bem doente do fim de agosto até o começo de setembro. Aí fodeu todos meus planos de postar todo mês aqui (foi mal, pra quem acompanha).
Agora é matéria atrasada, sem meu computador, cheio de livro pra ler, e uma gripe que vai e volta. Mas tô aqui, firme e forte, completando um ano de blog. Vou seguir postando aqui sim, religiosamente... (ou seja, só de domingo, hahaha). Quando der, bater uma inspiração ou eu tiver sem porra nenhuma pra fazer (o que ultimamente tem sido beeeem difícil), eu venho cá escrever. Nem que seja só pra eu ler depois, e recordar.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Leite Derramado

Ahhhh o Chico...
Acostumado com suas brilhantes letras de música, fui ler um romance seu. E Francisco Buarque de Hollanda nada me decepcionou. Naturalmente já esperava bastante do livro, que realmente é muito bom. De uma linha quase que machadiana, traça-se um panorama crítico da história dos últimos 100 anos ocorrida no Rio de Janeiro.

A narração da obra é feita em primeira pessoa, por Eulálio Montenegro d'Assumpção, - um velhinho centenário e decadente. Eulálio, conta suas memórias em um leito de hospital. Já bastante debilitado, muitas vezes se confunde nas histórias contadas; trocando nomes, datas, lugares... A narrativa é totalmente "embaralhada". Como se o velhinho fosse relembrando sua vida aos poucos, de modo não-linear. E é assim como o próprio Eulálio conta suas histórias e planos para outra pessoa daquele quarto de hospital. O efeito gerado é realmente de um velho confuso e reclamão.

O livro derramado...

É narrada então a trajetória da família de Eulálio, que fora muito rica e influente na capital brasileira do século XIX, e que agora passou a viver numa favela carioca. Essa decadência é observada de maneira clara, de geração para geração. A família d'Assumpção foi se estendendo de maneira peculiar, cada vez mais pobre. Eulálio, que fora filho de um importante senador do início da república do Brasil, termina seus dias num hospital público e (obviamente) mal cuidado.

Apesar de racista, preconceituoso, machista, e detentor de outros predicados mais; consegui compreender a visão de Eulálio. Entender inclusive, sua desilusão amorosa por Matilde, único amor. Por fim, o idoso morre. De maneira triste. Como um copo de leite ao chão. Quase que no anonimato. Apenas junto de sua família - mesmo decadente - e das enfermeiras do hospital.

A obra é mais uma crítica (principalmente) às elites desde a época do Brasil imperial. Feita de maneira brilhante, tanto na forma quanto nas palavras, Chico conta tudo isso em poucas páginas de curtos capítulos. Livro gostoso, sem parágrafos, com um boa história e para se refletir a vida.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A melhor das Copas das Confederações

Pois é... Quem apostaria no título brasileiro da Copa das Confederações, aqui em casa? E logo contra a poderosíssima Espanha! Eu apostava sim...

Muita gente não acreditava no começo, mas logo mudou de lado ao ver a seleção jogar bonito de novo. Felipão assumiu como treinador não faz muito tempo, e ainda não tinha embalado. E o brasileiro sentia isso. Faltava aquele belo futebol. Faltava a jogada que levanta a galera. Faltavam jogos emocionantes. Faltavam belas vitórias. E faltava, claro; gol.

Teve de tudo isso e mais um pouco, aqui "em casa". Em meio a uma onda de protestos e reivindicações ao longo de todo país, foi disputada a Copa das Confederações; que trata-se de um evento da Fifa que reúne as seleções campeãs dos torneios continentais + a campeã do mundo e o país sede. Curiosamente: Espanha e Brasil. Mas jajá a gente fala um pouco mais sobre essas duas aí...

Dentro dos estádios, festa. E do lado de fora protesto e repressão.

A Copa começou no dia 15 de junho, em Brasília. E passou por Salvador, Recife, Pernambuco, Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Ao todo, participaram 8 seleções. 4 delas, eliminadas na primeira fase: México, Japão, Nigéria e Taiti. Duas delas, México e Japão, jogaram muito bem e devem voltar para a Copa do Mundo. Nigéria não jogou mal, mas precisa acertar a pontaria. E o Taiti... bom; o Taiti viajou, conheceu o Brasil, levou certo(s) (gols) aprendizado e conquistou a torcida. Restaram então nas semi-finais: Brasil x Uruguai e Espanha x Itália.

Dois confrontos de seleções do mesmo continente. Dois confrontos que possuem muita história.

O Brasil, que depois de três jogos e três vitórias, veio ganhando confiança e reconquistando seu torcedor, chegou à semi como favorito. E quase não passou. O Uruguai, que é velho conhecido nosso, e famoso por truncar e catimbar as partidas; fez jogo duro, como não poderia deixar de ser. Fred anotou um de canela. Júlio César, antes questionado como goleiro titular, agarrou pênalti. O capitão Thiago Silva deu assistência pro gol de empate uruguaio. Mas no final (sempre no final), Paulinho estava lá pra marcar, feito centroavante! Brasil na final, em casa.

Neymar, tentando encobrir o goleirão uruguaio Muslera. Não encobriu, mas deu em gol!

Do outro lado da chave; Espanha e Itália faziam um jogo bonito, equilibrado. Lá e cá. A Itália tentava, mas não chegava com muito perigo. A Espanha tinha o controle da bola, mas sequer chegava. Um  0 x 0 anunciado no primeiro tempo. Na prorrogação até rolou uma bola na trave pra cada lado, mas não teve jeito... Pênaltis! E um show de cobranças. Todos acertaram as 12 primeiras. Até que um italiano - sempre eles... - isolou, e botou a Espanha na final. Ah se Mário Balotelli tivesse em campo... Mas não estava, e a Espanha enfrentaria o Brasil, em pleno Maraca.

Antes, porém, houve a disputa de terceiro lugar. Jogão também. Uruguai e Itália deram uma aula de cobranças de falta. Dois times tradicionalmente retranqueiros que levaram a disputa para os penais. Na hora das cobranças, brilhou toda a categoria e experiência do goleirão italiano Buffon, que defendeu 3 cobranças do Uruguai. A azzurra é 3ª colocada. No mesmo dia, só que mais à noite, no Rio de Janeiro, seria a vez da grande final. Logo após a cerimônia de encerramento.

Enquanto escurecia, a expectativa já era grande por parte de cá. Brasileiros; ora estavam esperançosos com o novo gás que este time tinha tomado, ora eram subestimados pela grandeza do adversário. Mas ninguém subestima campeão do mundo, amigão. Ainda mais o maior deles. O Brasil logo começou o jogo com gol. Assim como fez em TODOS os outros jogos. E não teve espaço pra Espanha. Não teve o tal tique-taque. Os espanhóis, los campeones del mundo, é que se impressionaram com o tamanho do Brasil. Desde o Maracanã todo amarelo, passando pela a torcida cantando o hino à capela. Ali o país marcava seu gol!

Iniesta até tentou, mas não deu, não. Pedro até iria fazer o gol, mas David Luiz não permitiu, não. E de pênalti poderia sair o tento espanhol, mas como disse um comentarista de televisão "pênalti mal marcado não entra", não. E não entrou nada, não! A defesa se fechou como nunca. O meio campo articulou como deve. E o ataque brilhou. Seja com Fred ou com Neymar, o gol saiu. E não foi só um, não. Foram três. Três bolas na rede da seleção que jogava o dito melhor futebol do mundo. A Espanha não teve vez.

Fora 93 ou 94 minutos intensos. Todos dominados pelo Brasil. Não deu outra. Foi sim um jogo disputado. Mas não tinha como ser diferente. O Maracanã comemorou o título lá dentro. E aqui fora o Brasil comemora aos poucos às vitórias políticas. É, os tempos estão mudando novamente!


Lá dentro, inclusive, teve voluntário/manifestante, haha! Conseguiram (brilhantemente, diga-se de passagem) levar uma faixa com os seguintes dizeres "Imediata anulação da privatização do Maracanã". (Acima, a foto.) Claro que a segurança da Fifa os retirou, mas valeu a mensagem. Não sei se vão anular a privatização do Maraca, mas ficou no ar a reivindicação justa. Ainda mais em tempos de "crise" para certos endinheirados empresários cariocas. 

A Copa das Confederações foi um sucesso. Por manifestações e pelo título. O povo tá ligado agora, e a seleção também! Clima excelente para se chegar em 2014: ano de Copa e de Eleição. 


sábado, 15 de junho de 2013

Protestos (não só) em São Paulo

Não. Não sou filiado a partido político algum e não participei de nenhum protesto (até porque não moro nessas cidades onde a tarifa do busão subiu). Mas tô sim acompanhando esta manifestação "nacional" na questão do transporte público. E até por descordar de muita coisa que vi circular/ser comentada por aí sobre o assunto, resolvi fazer essa postagem. 

Mesmo não morando em Sampa, conheço muitíssimo bem o transporte público de lá. Já perdi compromisso devido ao trânsito, já fiquei pra fora do metrô por dar mais de meia-noite e já peguei condução superlotada. Lembro-me de um dia que fui comprar um lanche num terminal da cidade, e faltaram algumas moedas. Pensei: "porra, se não fosse a grana do busão dava pra comprar..." Me contentei com uns pãozinhos de queijo. Voltei pra casa pensando: "será que vale mesmo três reais esse serviço?". Não vale!

Não vale porque é muito ruim. Quem utiliza diariamente o transporte público não vê a hora de juntar sua graninha e dar entrada num carro. Por isso a cidade pára! A equação é simples: transporte público de baixa qualidade + política de incentivo a compra de carros novos = congestionamento. Muito carro aonde não cabe, e às vezes não precisa. Aí vem neguin reclamar de gente que tá na rua... Ah, mano... Individualista é foda.

Sou totalmente à favor ao povo ir pra rua. Ao povo protestar. Ao povo manifestar sua opinião, mesmo que contrária a minha. Independentemente de polícia, mídia ou governo!

Cada um é livre né? Não é o que parece. De um lado policial trata manifestante que nem bandido. Do outro a mídia tenta fazer a população acreditar que eles realmente são bandidos. E de cima, o governador vai à mídia apoiar a ação da polícia militar. O pior é que tem gente que cai nessaí...


O tal do "confronto" divulgado na televisão


Vendo tudo isso, e revoltado com o jornalismo que é praticado por grandes veículos de comunicação daqui do Brasil, deparei-me com este artigo da Folha de S. Paulo, datado em 13/06/2013, na seção Tendências/Debates. Esse mesmo jornal, - que por ironia do destino teve uma repórter atingida por uma bala de borracha partida dum policial - têm deixado a entender que apoia tais medidas violentas tomadas pela polícia estadual. A Folha, no entanto, permitiu a publicação do artigo feito por líderes do MPL (Movimento Passe Livre), e, ao lê-lo, traduziu bem minha opinião à respeito do assunto. Bem argumentado, ele explica o porquê de não ser questão de só R$ 0,20.

Confira o texto abaixo, na íntegra:

"O modelo de transporte coletivo baseado em concessões para exploração privada e cobrança de tarifa está esgotado. E continuará em crise enquanto o deslocamento urbano seguir a lógica da mercadoria, oposta à noção de direito fundamental para todas e todos.

Essa lógica, cujo norte é o lucro, leva as empresas, com a conivência do poder público, a aumentar repetidamente as tarifas. O aumento faz com que mais usuários do sistema deixem de usá-lo, e, com menos passageiros, as empresas aplicam novos reajustes.

Isso é uma violência contra a maior parte da população, que como evidencia a matéria publicada ontem pelo portal UOL, chega a deixar de se alimentar para pagar a passagem. Calcula-se que são 37 milhões de brasileiros excluídos do sistema de transporte por não ter como pagar. Esse número, já defasado, não surgiu do nada: de 20 em 20 centavos, o transporte se tornou, de acordo com o IBGE, o terceiro maior gasto da família brasileira, retirando da população o direito de se locomover.

População que se desloca na maioria das vezes para trabalhar e que, no entanto, paga quase sozinha essa conta, sem a contribuição dos setores que verdadeiramente se beneficiam dos deslocamentos. Por isso defendemos a tarifa zero, que nada mais é do que uma forma indireta de bancar os custos do sistema, dividindo a conta entre todos, já que todos são beneficiados por ele.

Esse é o contexto que fez surgir o Movimento Passe Livre em diversas cidades do Brasil. Por isso há anos estamos empenhando lutas por melhorias e por outro paradigma de transporte coletivo. Neste momento, em que nos manifestamos em São Paulo pela revogação do aumento nas passagens, milhares protestam no Rio de Janeiro, além de Goiânia, onde a luta obteve vitória, assim como venceram os manifestantes de Porto Alegre há dois meses.

O impacto violento do aumento no bolso da população faz as manifestações extrapolarem os limites do próprio movimento. E as ações violentas da Polícia Militar, acirrando os ânimos e provocando os manifestantes, levaram os protestos a se transformar em uma revolta popular.

O prefeito Fernando Haddad, direto de Paris, ao lado do governador Geraldo Alckmin, exige que o movimento assuma uma responsabilidade que não nos cabe. Não somos nós os que assinam os contratos e determinamos os custos do transporte repassados aos mais pobres. Não somos nós que afirmamos que o aumento está abaixo da inflação sem considerar que, de 1994 para cá, com uma inflação acumulada em 332%, a tarifa deveria custar R$ 2,16 e o metrô, R$ 2,59.

Além disso, perguntamos: e os salários da maior parte da população, acompanharam a inflação?
A discrepância entre o custo do sistema e o quanto, como e quando se cobra por ele evidenciam que as decisões devem estar no campo político, não técnico. É uma questão de escolha: se nossa sociedade decidir que sim, o transporte é um direito e deve estar disponível a todos, sem distinção ou tarifa, então ela achará meios para tal. Isso parcialmente foi feito com a saúde e a educação. Mas sem transporte público, o cidadão vê seu acesso a essas áreas fundamentais limitado. Alguém acharia certo um aluno pagar uma tarifa qualquer antes de entrar em sala de aula? Ou para ser atendido em um posto de saúde?

Haddad não pode fugir de sua responsabilidade e se esconder atrás do bilhete mensal, proposta que beneficiará poucos usuários e aumentará em mais de 50% o subsídio que poderia ser revertido para reduzir a tarifa.

A demanda popular imediata é a revogação do aumento, e é nesses termos que qualquer diálogo deve ser estabelecido. A população já conquistou a revogação do aumento da tarifa em Natal, Porto Alegre e Goiânia. Falta São Paulo."

domingo, 26 de maio de 2013

Sim, a Cultura ganhou!

Há exatos 7 dias ocorria em Sampa, principalmente no centrão, a Virada Cultural da cidade. Evento semelhante ocorre agora em outras cidades do estado. Na mídia o que saiu da Virada, foi violência. Foi arrastão, morte, tiro e briga.Talvez pela mudança na prefeitura. Ou talvez pelo maior espaço dado pra cultura de rua. Não vou dizer que isso não houve, porque conheço gente que presenciou muita coisa lá. Mas eu propriamente não vi. Vi treta, claro, mas que infelizmente ocorre em quase todo evento popular. 

Essa repercussão negativa (e tendenciosa) na imprensa em geral mostra nada mais do que a realidade da cidade de São Paulo hoje. Se num lugar onde a violência aparece diariamente em forma de mortes e assaltos, não é no maior evento gratuito que isso iria desaparecer. Falta segurança sim. Mas não na Virada do dia 18 pro dia 19 de maio propriamente,. Falta segurança em todas as outras 364 viradas também. Afinal, quem se sente seguro numa madrugada de Sampa? E eu acho que mais e mais polícia não é nenhuma solução.

Como eu não vim aqui falar sobre segurança pública na cidade de São Paulo, eu digo sim que a Virada foi excelente. Excelente pra cultura, pra música, pro centro, pro povo e pros artistas também. Como o próprio nome diz; foi a Virada CULTURAL. Um dia inteiro para espalhar cultura pela cidade. 24 horas de atrações gratuitas por aí. 


Cortejo que ocorreu pelas ruas do centro.

Tinha de tudo. Tinha até alguns palcos que eu não achava nem um tanto quanto "culturais". Mas o povo gosta disso também. E tinha teatro, tinha cinema, tinha intervenção urbana, tinha sarau, tinha rock, brega, rap, samba, mpb... Tinha gente! Muita gente! Dizem que cerca de 4 milhões de pessoas. Cada um de seu lugar, cada um com sua história. Acho que foi a maior diversidade que eu já vi. 

Vi na mesma esquina o prefeito da cidade e um morador de rua marxista e totalmente bêbado. Vi um catador de latinhas descalço dançar sertanejo com um sujeito todo bem vestido, e que até deixou a mulher de lado. Depois apareceu um menino de mircoshorts que pegou a latinha de cerveja cheia do tal catador e saiu rindo. Quase deu briga. Do meu lado Nelson Triunfo conversava com fãs, do outro uns moleques subiam na marquise de um prédio com latinhas de spray. Na minha frente caminhava a protagonista da novela das 21h que passou tempos atrás na tv. Do outro lado da rua, 10 ou 15 meninos corriam de alguma coisa. E todo tipo de droga rolava livremente. Naquele dia pelo menos, tudo era legalizado. Ninguém reprimia ninguém pela droga que usava. O cenário era realmente diverso. Realmente multicultural.

Só acho que essa superconcentração no centro atraiu tanta gente, que dificultou o acesso a várias atrações. Andar na rua ás vezes era difícil. E olha que o palco mais próximo ficava à uns três quarteirões. Acredito que nas quebradas da cidade tem muita praça legal, tem muito espaço legal, que pode servir perfeitamente de palco pra algum evento. Acho maravilhoso ocupar o centro, mas tem que ter também a opção pra quem não quer sair do seu bairro. Nem que sejam essas tais pistas eletrônicas. Fica a sugestão aí. 

Show dos Racionais na tarde de domingo

Agora em relação aos shows que eu fui, só tenho uma coisa a dizer: foda! Foda ver Rappin' Hood cantar rap e samba praquela multidão. Que swing legal que rolou, que balanço gostoso. Foda também era ver a Rio Branco pulsar RAP. O espaço era do RAP. E ver Edi Rock envolver geral em plena madrugada também é foda. Foda eram os sarais que rolavam em torno do viaduto Sta. Efigênia. E o Z'áfrica Brasil então? PEI! O teatro na Roosvelt também foi foda, apesar do atraso e do som extremamente alto. Foda mesmo era o palco Julio Prestes! Pegar um pouco de Sérgio Reis foi muito bom aquela hora da manhã... Mas ver Criolo e Racionais MC's passando aquela mensagem pro povão... Ah, aquilo sim era foda. Aquilo sim é cultura pro povo. Aquilo sim é a cara de São Paulo. Aquilo sim é a Virada Cultural. E aquilo não pode ter sido tão ruim assim como eu vi dar no noticiário dia seguinte. 

O que fica do evento sem dúvidas é o poder que o povo tem. É que a gente dessa cidade é muito maior do que a grandeza de seus prédios e avenidas. Como é bom ver o povo na rua, sem pressa, sem stress de trabalho. O lugar do povo é na rua, e o da cultura também. Não só na virada cultural. Sempre que possível a população deve ir ás ruas. Sempre que possível a cultura tem que ser passada pra frente. Sem medo. O ano todo! Ah se o povo soubesse o poder que têm...

Por fim, deixo abaixo a música que ouvi tocar duas vezes na virada, e que seu refrão ficou grudado na minha cabeça (junto com a fumaça alheia pela qual estou tossindo até agora) durante uma semana. Sente a só vibe:
 

domingo, 28 de abril de 2013

Til... Til... Til...

Renomada obra de José de Alencar, confesso que só fui ler Til por integrar a lista da Fuvest. E não me arrependi não. Apesar de tudo, vale a leitura.

Um livro do Romantismo nacional, e que tem seu cenário bem interiorano... Se passa na região de Campinas/SP, lá por meados do século XIX. É contada a história de 4 jovens do local, sobretudo a de Berta. Uma moça muito bonita e extremamente bondosa. Típica mocinha. Há algumas personagens mais interessantes na trama, que tentam quebrar o clima bucólico e sereno do campo, como: Jão Fera, Brás e Zana. Porém essa literatura vagarosa arrasta-se por boa parte da obra.

O primeira parte é, sem dúvidas, a mais cansativa. O tempo na história teima em demorar a correr. O narrador descreve exaustivamente o passar do tempo na região. As paisagens que se misturam com repetitivas ações do personagens podem afastar o leitor a princípio. O vocabulário difícil que nele é empregado, tampouco atrai o leitor. O enredo se desenvolve bem lentamente, mas de maneira sábia. Os detalhes envolvidos capítulo a capítulo começam a fazer um sentido geral no contexto.

Capa de uma das edições do livro.


O livro só fica interessante mesmo na segunda e última parte. Do meio pra frente são episódios curiosos, que desenlaçam a história vagarosa rumo ao final. O amor é colocado como fator principal. Idealizado, faz jus ao romantismo em que o livro se enquadra. Chamam atenção os títulos, muito bem dados por sinal, aos capítulos curtos da história. José de Alencar soube escrevê-la cuidadosamente bem. Construiu um molde invejável, apesar de truncar a leitura em determinadas passagens.

Claro que a obra é boa, de muita qualidade. Mas o romantismo desta época chega a me enjoar. Não sei se por gosto próprio, ou pelo fato de a maioria dos livros que as escolas e vestibulares abordam em suas provas são desta escola literária. Acho que a literatura nacional é muito rica pra estacionar no século XIX. Seria bom reservarem vagas também pra essa nova escola que vem chegando aí. Acho que nessa biblioteca de colégios e concursos cabem todos!

O romance se finda com esta máxima, que particularmente achei genial: "Como as flores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde não penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça."

 Era a flor da caridade, alma sóror!

domingo, 21 de abril de 2013

Tem bagunça!

Uma bagunça!
Assim que acordei hoje...
Levantei da cama já tropeçando em livros,
derrubando cadernos.
Aliás, cadernos e livros é o que não faltam agora.
Espalhados dentre a estante,
a mesinha,
o chão,
e até em cima do dvd.
Tem prato aqui do lado,
copo na janela,
e muita... muita roupa perdida no quarto.
O computador dormiu ligado.
Tem musicas pausadas no meio:
vai de KRS One à Jamelão.
Tem um vídeo de 40 min pra ver,
e um filme que nem comecei.
Uma pá de aba do navegador aberta:
site do Senado,
da Carta Maior,
e uma reportagem do Estadão...
Não comecei a ler nenhum deles.
Skype no ausente.
Fora o livro do Chico Buarque que tá em cima da cama,
Pronto pra sair do segundo capítulo.
Ah, acabei de lembrar o porquê de toda zona!
Tenho que fazer tarefa, fazer trabalho...
Mas onde é que eu deixei minha apostila do cursinho mesmo?

segunda-feira, 1 de abril de 2013

1º de Abril de 2013

A exatamente 49 anos atrás, era dado o tal Golpe Militar. Coincidência, ou não, também numa segunda-feira. 

Hoje... Acordei em Poços de Caldas. Cidade em que tenho família, e já até morei. No frio de sempre, levantei cedinho pra logo voltar de lá. Peguei o ônibus. Tentei dormir, mas não rolou. 

Acordei já quase no fim da viagem. Não sei se por ironia do destino, mas perdi o sono ao chegar em Campinas. Cidade em que nasci. Não desci. O ônibus deu uma puta volta na cidade, foi a rodoviária e retornou. 

A direção era São Paulo. Outra cidade que tenho parentes, bons amigos e uma forte ligação. Do terminal Tietê já emendei um outro busão. 

E de Sampa, vim pra Pindamonhangaba. Cidade onde moro, e vos falo. Desci aqui quase no final da tarde.

Meu 1º de Abril foi quase todo na estrada. Meu 1º de Abril foi, sem querer, uma junção dos "meus" lugares. E não teve nada de descanso!

Uma segunda-cheia. Mesmo sendo feriado. Mesmo sendo "juntada" com a páscoa. O mês mal começou, e eu já to cheio de coisas pra fazer. Cada vez com menos tempo. É 2013 tomando seu rumo... Mas se não tiver bom assim, eu paro na hora. 

E por falar em páscoa: perguntei assim que cheguei aqui ao meu pai, onde ele havia passado o domingo de páscoa. Ele me respondeu com outra pergunta, que eu não soube responder: "E o que que é páscoa?".

E olha meu dia 1º se estendendo ao dia 2... Abriu!

domingo, 17 de março de 2013

Meu Balanço do Carnaval 2013

Passado um mês dos desfiles de carnaval de sampa, venho só agora fazer meu balanço. Sim, é falta de tempo. Mas a gente sempre dá um jeitinho aqui. Então vamo lá...

Carnaval esse que criou certa expectativa, mas que o público em geral dava-o como previsível, e com resultado (antes mesmo dos desfiles) semelhante ao dos últimos anos.

As escolas desfilaram. E muito bem. TODAS passaram legal. Do especial ao acesso. Um nível de longe, superior ao do ano passado. Acho que enredos e sambas variaram entre bons e ruins. Já as escolas, individualmente, conseguiram elevar um nível entre a mescla de empolgação e brilho. Claro que o saldo é positivo!


Irreverente abre-alas da Acadêmicos do Tucuruvi

Destaques:
O grande destaque pra mim, em termos de desfile completo, foi a Tucuruvi. O Zaca ganhou minha simpatia com esse tema, e veio muito bonita. Simples, alegre, animada. Um desfilaço, com tudo que precisava. Dragões da Real surpreendeu-me no primeiro dia. O samba deu certo, e a escola estava muito quente. Daniel Collête contribuiu bastante pra isso. E o terceiro maior destaque do ano pra mim, fica com a Águia de Ouro, que tinha o melhor samba, e uma das mais bem executadas batucadas da cidade. O desfile foi excelente. O enredo deu certo. O horário de desfile só ajudou. A comunidade passou leve, e muito pra cima. Vale incluir também a correta apresentação da Terceiro Milênio, no Grupo de Acesso, que desfilou como "gente grande".

Pela televisão vi certa parte do carnaval de Vitória e do Rio. Boa Vista e Vila Isabel foram meus destaques. Dois sambas que merecem ser ouvidos ao longo do ano.

Foi sim um carnaval de vários erros, mas de um acerto no geral. Acerto na qualidade, na alegria que o samba carrega. Sendo agora um pouco mais técnico, digo que o melhor visual do carnaval foi da Rosas de Ouro. Por sua vez, em termos de dança, acredito que ninguém tenha superado Mocidade Alegre. E por fim, no canto, Águia de Ouro brilhou mais do que as outras. Coincidência ou não, eis aí o nome das três primeiras colocadas do carnaval.

Parabéns ao título da Mocidade Alegre. Belo desfile.

Sobre o julgamento, digo que não sou à favor das notas decimais. Tira-se muito da pontuação técnica, e esvazia por consequência o julgamento do jurado. Se quiser discutir melhor o assunto, chama nos coments. Neste post, só apontei que não concordo com a forma julgada. E essa forma acarretou notas muito altas este ano. A apuração toda praticamente variou de 9,7 à 10. No mínimo para ser revisto, não? Fora os descartes, que também não os acho necessário.



Encerramento do desfile da Águia de Ouro


Mas o ponto principal que eu queria dizer aqui, foi a forma como julgaram os quesitos, principalmente samba-enredo. Uma chuva de 10. Nos outros quesitos eu até entendo alguns 10, o jurado pode não ter visto o que eu vi, a escola compensou ao longo da apresentação, e blá-blá-blá... Mas em samba, não concordo mesmo. Olhem essas obras! Algumas de muitíssimo bom gosto, outras nem tanto. E isso deveria sim fazer a diferença. Um samba bom não pode se equiparar, em momento algum, a um samba ruim. Se não acaba o diferencial de determinada escola que tenha uma forte ala de compositores. Samba-enredo deveria ser julgado como obra, não como música adequada ou não ao tema do desfile. Já até saíram as justificativas, mas eu não as li por completo. E se eu fosse ler, não iria tirar minha dúvida sobre o porquê de praticamente todas as escolas levarem o 10, uma vez que as notas máximas não precisam de justificativa.

O resultado geral, foi pra alguns surpreendente. Pra outros justíssimo. Eu, não concordei com a ordem; assim como não concordei ano passado, e não concordei ano retrasado, e não vou concordar em 2014. É ponto de vista. Eu assisti de um lugar, vi um carnaval. O jurado, da cabine viu outro. De outra arquibancada, o ponto de vista também foi diferente do meu e do jurado. Agora quem assistiu da televisão, e quer dar opinião técnica nisso e naquilo... tsc,tsc


Os Esfarrapados fazendo (bastante) barulho, rs

O que importa é que carnaval é festa rapazeada. Mesmo que quando você deite pra descansar, depois de uma madrugada de pé, um bloco de carnaval te "convide" pra foliar na rua... hahaha. Alegria!
Ano que vem, nóiz tamo aê, bebendo de novo. Ouvindo mais samba. Virando madrugada. Tomando chuva... Aaaaaaah, este ano foi meu primeiro desfile, pelo meu Camisa Verde. E é fantástico. Recomendo aí pra quem tiver curiosidade. E sim, ano que vem estou lá novamente.
Na arquibancada, na avenida, na rua, ou jogado na calçada.
Independente de colocação da escola do coração, o importante é se divertir com certa responsabilidade... E fazer, com toda a certeza, que o seu próprio carnaval seja melhor do que o do ano passado. Todos os anos.

domingo, 10 de março de 2013

Não entendo novelas...

Eu, definitivamente não entendo as novelas. Não falo do contexto, da história propriamente. E sim de tudo que ela engloba. Não vou nem discutir alienação. Particularmente, eu não gosto de novela. Não costumo assistir. Mas por ter uma mãe que não perde um capítulo de nenhuma das três, acabo acompanhando "sem querer". E é justamente por essa audiência à contra gosto, que acabo percebendo o quanto esse meio de entretenimento é vazio.

Ontem, assisti "por cima" o último capítulo de Lado a Lado. Não acompanhei a novela também. Mas sempre via algumas cenas "de relance". O que me atraía na novela, era ouvir daqui do quarto aquela trilha sonora de muito bom gosto. De Martinho da Vila, Noel Rosa, até um belíssimo samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, que simplesmente era a abertura da novela. Fui aos poucos prestando atenção no contexto histórico da trama. Tratava-se de uma época interessante da história brasileira (logo após a abolição da escravatura/proclamação da república), e que não costuma ser muito citada. Deram um jeitinho de juntar vários acontecimentos relevantes da época, aliando-os ao personagem principal, interpretado por Lázaro Ramos.


Parte do elenco

Além de bom enredo, trilha sonora, contexto histórico e um bom elenco; eu vi uma linha cenário/figurino muito bem realizada. Era sem dúvidas uma novela diferente! E não foi só eu que achei isso não. Ouvi, e li críticas à favor da trama. Sempre elogios feitos como se fossem sobre um bom filme. Porém isso não pareceu ser o bastante. Vi sempre também, a imprensa em cima, dizendo que não rendia audiência, que não estava dava ibope. E realmente, em termos de público, foi uma das piores novelas da Globo nos últimos anos. Aí que eu fiquei sem entender porra nenhuma. Quando a obra é relativamente boa, bem feita; não há retorno dos telespectadores. Mas quando botam uma Carminha qualquer, fazendo maldades feito uma bruxa de contos de fada, a audiência bate recordes!

Talvez o público de novelas não seja lá muito interessado em história. Ainda mais história do Brasil. Talvez a audiência toda foi pro Datena, já que a "realidade" sensacionalista rende ibope. Ou então essa Malhação deve estar tão chata, que no horário a tevê desligada não seria má ideia.



Casal protagonista 

Como toda novela, o final é sempre "o mesmo". Casamento, morte, sorrisos e lágrimas! Não necessariamente nesta ordem. O que fica da trama, apesar dos pesares, é a mensagem de liberdade. Que muita coisa mudou nestes últimos 100 anos. Mas ainda há muito ainda por ser mudado. E brilhantemente, colocaram o samba-enredo de 1989 da Imperatriz para sintetizar esse assunto. O samba diz por si só. É completo, e acredito eu que é ainda mais famoso do que o hino da Proclamação da República. Só faltou sair do casamento lá, a bateria Swing da Leopoldina e geral cair no samba... Pensando bem, acho que daria briga pra ver quem ia puxar o microfone principal. rs

Enfim, não entendo novelas.

Ahhhhhh, e pra quem não ouviu o sambão da Imperatriz, ou quer ouvir novamente. Clicaí:


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Primeira Reportagem

Foi no fim do ano passado, ou no comecinho deste, que vi no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, uma bela matéria sobre a antiga série de livros Vaga-Lume, da editora Ática. Apesar de não ser da minha geração, me familiarizei com algumas das obras que foram citadas na reportagem. Lembro de ter lido quando criança uns 3 ou 4 livros da série, mas não me recordava da história de nenhum deles especificamente.

Na semana seguinte, arrumando uns papéis, revistas e cadernos pelo quarto, me deparei com a conhecida capa dos livros da série Vaga-Lume. Quem diria, eu tinha um exemplar comigo... Talvez já o tivesse lido também. Mas não lembrava dessa história: A Primeira Reportagem.


O livro é curtinho, gostoso, e vai fácil em 1 semana. Eu enrolei para começar a leitura, tinha coisa pra resolver, fui adiando... adiando... até que peguei pra ler, e quando vi, já tinha lido. A narrativa é interessante, e se passa em São Paulo. Tem como protagonista um jovem, que inicia a carreira de jornalista e logo vive uma aventura. Há também outras personagens curiosas, que dão o contexto da história.

O único porém fica na linguagem empregada, um pouco incomum às crianças (pelo menos as de hoje).  Mas o texto é tão feliz em seu enredo, que nos permite devorá-lo. Um roteiro bem construído, bem escrito. Méritos ao Sylvio Pereira. Um livro feito filme de suspense, mas com a magia das palavras.

Indicado não só às crianças. É também pra quem gosta de recordar a infância, e a simplicidade que ela é. Tal qual um livro de 96 páginas, repleto de imagens. Com aquele cheirinho particular de papel velho...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Vai Passar no Carnaval Paulista - Sábado

Na segunda noite de desfiles pelo sambódramo paulistano, desfilam a outra metade de escolas do Grupo Especial. É mais show que vem por aí... Mais samba... Mais alegria... Mais emoção... E a porra toda! É carnaval!!!

Abaixo as escolas desfilantes no sábado, dia 09:

"Da Revolta dos Búzio a Atualidade. Nenê Canta a Igualdade."

Com um tema nobre e bem válido para o carnaval, a Nenê de Vila Matilde abrirá a noite de sábado. A Vila voltou! Sem dúvidas um dos melhores sambas do ano. Mesmo assim não chega a ser um samba muito bom. Não parece ter a essência da escola. O enredo é ótimo. Cantará a igualdade, e confesso estar curioso para conferir o que será lembrado pelos carnavalescos. No visual a escola aparenta ter se aprimorado. Fantasias lindas, e carros de bom gosto devem desfilar na avenida. Em harmonia a escola mostra um de seus fortes. O único porém vai para a evolução, que pelos ensaios se via a necessidade de uma melhor organização para não perder pontos no dia. Tudo isso embalados ao som da Bateria de Bambas, uma das mais famosas da cidade. E que bateria! Afiadíssima para esse carnaval. Outro ponto alto é o carro de som que traz diversos intérpretes de qualidade, mesclando a juventude com a experiência. Casal e comissão de frente também são bons. A Zona Leste aguarda um grande desfile, pra afastar o fantasma do Grupo de Acesso. Está nas mãos da comunidade da escola conseguir permanecer na elite. Quem sabe a águia consiga alçar grandes vôos nesse carnaval...

"Ser Fiel é a Alma do Negócio"

Depois de um bom enredo, vem um nem tanto. A Gaviões da Fiel Torcida leva a publicidade ao sambódramo do Anhembi. Não acho a combinação muito boa. O samba de enredo é a consequência disso. Um samba frio e burocrático. Não será desta vez que veremos novamente a Gaviões levantar as arquibancadas de ponta a ponta. O primeiro casal dos Gaviões é muito bem elogiado. A comissão de frente costuma apresentar boas surpresas. Fantasias são bonitas nos protótipos, e assim espero que sejam as alegorias de Max Lopes. O principal atrativo é sem dúvidas a bateria Ritmão. Batucada de qualidade, e que vem sendo reconhecida através das notas. Em harmonia a escola geralmente passa muito bem, porém o quesito evolução parece dar calafrios nos torcedores. Todo ano a evolução vem levando pau dos jurados. Eu espero um desfile muito bonito, mas não resultados. Sempre ponho a Gaviões correndo por fora. Esse ano não. O campeonato é bem improvável, assim como uma queda. Esse samba não me desce...

"A Sedução me Fez Provar, me Entregar à Tentação... Da Versão Original, Qual Será o Final?"

Assim como o samba de enredo da escola acima não me desce, o enredo desta também não. É o lúdico do carnaval, mexe com a imaginação, sai do comum... Legal! Mas acho que exageraram no tom. Não sei, não vi o desfile pra saber. Só vou ter certeza quando a escola passar. Talvez ela mude minha opinião. O samba saiu no mesmo estilo dos outros anos que a escola trouxe enredos abstratos. Regular. Apenas isso. Não é empolgante, mas a comunidade é. E é até de mais. Uma das comunidades mais fortes do carnaval, facilitando todo ano a nota dez em harmonia e evolução. Outra marca da escola é a bateria. Literalmente Ritmo Puro. Uma delícia de se ouvir perfeitamente cada instrumento. Sem exageros, a escola costuma fazer a diferença também em sua plástica. Alegorias boas, sem a mania paulista de grandiosidade. Fantasias seguindo a mesma linha. Por fim temos dois quesitos sem tanta garantia assim. Os únicos da escola. A comissão de frente que sempre vinha sendo penalizada por detalhes diferentes a cada desfile. E o casal de mestre-sala e porta-bandeira, em que ela faz sua estreia como primeira. No ensaio que vi, não senti tanta firmeza por parte dela. É a sempre favorita Mocidade Alegre. Atual campeã do nosso carnaval. Será uma apresentação curiosa. Deverá desfilar bem alegre, mas com esse samba as arquibancadas provavelmente não irão se manifestar. Azar deles.

"Parque dos Desejos - O Seu Passaporte para o Prazer"

Outra viagem carnavalesca. Outro carnavalesco de imaginação fértil. Dessa vez camuflaram um patrocínio de uma fabricante de camisinhas no meio. O samba saiu um tanto diferente. É até envolvente, com bons versos. Mas também mistura versos de gosto duvidoso. O carnaval da escola, plasticamente, não tem um histórico de primar pelo capricho nas composições. Nas fantasias deste ano acho que faltou também criatividade. A bateria geralmente vem bem. Com uma cadência gostosa, destacando os instrumentos agudos/agudíssimos. O carro de som é muito bem puxado por Renê Sobral. A Tom Maior apresentou uma boa evolução em ensaios, com uma harmonia que poderia melhorar ainda. O primeiro casal é bem elogiado em São Paulo, e a comissão de frente foi um dos destaques da escola no ano passado. A Tom tradicionalmente faz um carnaval mais simples, sem luxo. O forte são os quesitos de "chão". Não sei se esse samba vai conseguir levantar o tal "chão" da escola. Acredito que o enredo não ajude muito. Vou ter a certeza apenas assistindo o desfile. Acho difícil uma colocação superior a deste, e conforme o desempenho de sua comunidade, há até um risco de queda ao segundo grupo. Mas esse pessoal aí adora surpreender quem faz previsão antes do grande dia...

"Made in Korea - 50 Anos de Imigração Coreana no Brasil"

A quinta escola a desfilar será a Unidos de Vila Maria, trazendo a Coréia do Sul para o Anhembi. Acho bacana fazer enredo sobre outras culturas importantes, mas esse aí não me parece trazer nada de novo. Não há um motivo em especial para falar da imigração coreana (a não ser o patrocínio da escola), que nem numerosa foi no Brasil. É mais uma propaganda do país para São Paulo. O samba também não me agrada. Meio quadrado, também sem brilho. A bateria sim é um ponto alto na Vila. A batucada já era de qualidade antes, mas faltavam alguns acertos. Com a chegada de mestre Moleza, que até trocou a batida de caixa, a cadência teve uma sonora melhora. Primeiro mestre-sala e porta-bandeira esbanjam simpatia ao bailarem. No entanto até hoje não compreendi direito a comissão de frente da escola, ano passado. No visual digo que não sou muito fã dos últimos trabalhos do Chico Spinoza, principalmente se tratando de fantasias. Harmonia parece ser o forte da comunidade da Zona Norte, cantando muito nos ensaios. Houve inclusive uma melhora na distribuição das alas. Veremos se o mesmo ocorre no dia oficial, que pra mim ainda fica distante do caneco. A Vila Maria sempre ronda os desfiles das campeãs. Esse ano o páreo é duro, mas potencial para entrar entre as cinco ela já mostrou ter de sobra. Aprendi com esta escola em carnavais passados a não criar muita expectativa. E é isso que estou fazendo.

"Mazzaropi: o Adorável Caipira, 100 Anos de Alegria"

Literalmente, "sai da frente a alegria vai passar". A alegria vai passar porque a Tucuruvi vem alegre pra cantar este enredo. E sai da frente, pois eles vêm com tudo. Um samba lindo, engraçado e irreverente. A cara do homenageado. Que aliás, este sim é um centenário que merece virar tema de carnaval. O samba além de bom, é "pra cima". O que vai facilitar o canto e dança de seus desfilantes. E é justamente na harmonia que o Zaca tem seu "calcanhar de aquiles". Quem quer ser campeão não pode perder tantos décimos em harmonia. Em evolução a escola tem progredido bastante, mas ainda há o que melhorar. O verdadeiro destaque da escola da Norte, vem de sua conhecida comissão de frente, que está mal acostumada a tirar dez. O casal também vem tirando boas notas. Em questão plástica, a Acadêmicos do Tucuruvi também está evoluindo a cada ano. Os protótipos de fantasias são simples, pois o enredo permite isso. Espero que o carnavalesco traga seus carros alegóricos diferenciados uns dos outros. E o destaque principal da escola tem sido mesmo a batucada. Mestre Adamastor tem chamado atenção nos ensaios técnicos por aí, e soltando bossas bem elaboradas. A cadência da bateria chama atenção. Pode-se ouvir nitidamente cada um de seus instrumentos. Espero um puta desfile. Da quinta pra cima. Sempre vejo a escola descendo a avenida um tanto desanimada. Acho que isso deve-se muito aos sambas com que ela desfilou. Neste ano porém, o samba só tem a acrescentar, e é bem provável que voltemos a ver a escola empolgando o público de novo. Mazzaropi ficaria muito contente. 

"Pra Todo Mal a Cura. Quem Canta seus Males Espanta"

Outro enredo batido. Este por sua vez tem uma outra abordagem, que não parece ser tão diferente assim, Mais um samba padronizado. Versos que quem escuta bastante sambas de enredo parece já ter ouvido isso antes, em vários lugares. Um carnaval feito sem a verba da prefeitura, devido ao ocorrido na apuração do ano passado. E a última escola a desfilar, após duas longas noites de desfiles. Essa apresentação da Império de Casa Verde tinha tudo pra ser cansativa... A não ser por um motivo: a bateria. Simplesmente porque mestre Zoinho e seu homens são claramente a melhor batucada da cidade. Que bateria! É pra se ouvir uma vez, e cantarolar o dia inteiro. Eles salvaram o samba. E é bem possível que salvem o canto da escola. Têm chamado muita atenção durante os ensaios. Não é por menos. A Império trabalha bem a harmonia, precisando apenas de mais empolgação por alguns componentes. O primeiro casal é bastante respeitado, tem talento. A comissão de frente não veio tão bem ano passado. Este ano promete-se surpresas. No módulo visual entra um novo carnavalesco, de bom currículo e que já aparenta fazer um bom trabalho. Há quem aponte a escola para ficar entre as 5. Há também quem diga que o tigre disputará o acesso ano que vem. Eu espero um regular/bom desfile da escola, torcendo para ser surpreendido. Se não for, só por ouvir a bateria já valeria a presença.