#1 Em pleno carnaval, no dia em que sua escola de samba entraria na avenida mais tarde, morreu o compositor Xixa. Além de ajudar a fundar a Leandro de Itaquera, Xixa; compositor de diversos sambas da escola, participa da autoria do samba que pra mim é um dos maiores da escola da Zona Leste: Vale Ouro, Meu Brasil, Minha Terra, Meu tesouro. A letra conta muito bem a história do ciclo do ouro no Brasil, num carnaval em que as escolas contavam todas a história de nosso país, que fazia 500 anos. Puxado por Eliana de Lima e sustentado pela Majestosa bateria, o samba carrega um melodia muito gostosa. Traz de volta os bons tempos da Leandro. O desfile de 2000 lhes rendeu um quinto lugar.
10 de fevereiro - Xixa
#2 Pegando todo mundo de surpresa, em março, vem a notícia da morte de Chorão. Vocalista do Charlie Brown Jr, ele e toda banda marcaram minha vida como os principais representantes da juventude de minha época. Charlie Brown fazia algo único, conquistar todo o público mais jovem. Desde a galera mais pobre, aos playboys. Dos funkeiros aos roqueiros. Geral! É a única unanimidade musical que eu conheci entre o pessoal da minha idade. Chorão tornou-se o símbolo disso. E com méritos, pois tinha uma interpretação muito boa e um talento para escrever melhor ainda. Ele era do rock, mas cantava reggae, curtia um samba e também mandava bem no rap. Era sincero em suas letras. E n'O Preço, essa sinceridade fica explícita. Pra mim, uma das maiores músicas da banda. E também a que não sai da memória.
06 de março - Chorão
#3 No mesmo mês em que morreu Chorão, falece também Emílio Santiago. "A melhor voz do Brasil" - sem precisar de nenhum reality show televisivo - imortalizou canções de diversos compositores brasileiros. Numa época de grandes cantores, Emílio fora talvez um dos últimos intérpretes marcantes na música nacional. Emprestou sua voz a clássicos da MPB, mas o negão se dava mesmo com o samba. Entre as músicas memoráveis interpretadas por ele, Saigon e Verdade Chinesa foram as que me marcaram muito. Espero agora explorar mais esse universo cantado por Santiago.
20 de março - Emílio Santiago
#4 Outro cara que eu necessito explorar sua obra, é Paulo Vanzolini. Sambista também, compositor de primeira qualidade, paulista que se tornou símbolo do samba na cidade do trabalho. Famoso por seus sambas eruditos, Vanzolini nasceu e morreu em Sampa. Sua obra é a cara da cidade. Saiu há tempos um filme sobre ele. Ainda não vi, mas com certeza fará parte da lista de filmes que irei ver em 2014.
28 de abril - Paulo Vanzolini
#5 A morte no meio da música que chocou o país esse ano foi a do Mc Daleste, muito mais pela forma como ocorreu do que pelo que ele representava. Moleque da Zona Leste de Sampa, que cresceu em quebrada, junto ao crime e a violência; e escolheu o caminho do funk como trabalho. Começou cantando o que via, o que gostava. Como um cronista da favela. Por meio da batida eletrônica swingada do funk ele descreveu onde morava. Seu bairro. Sua cidade. Sua quebrada. E a dos outros também. Aos poucos, foi mudando. Passou a exaltar o luxo, o dinheiro e as mulheres. Passou a cantar o sonho de todo favelado. Passou pro funk ostentação. E no auge de sua carreira foi morto em cima do palco, de braços abertos, com o microfone na mão. Sem direito de defesa. Literalmente, morreu cantando. Na frente de seu público. Mas suas músicas, que há milianos chegavam até meu celular por bluetooth, ficarão pra sempre na minha memória como trilha sonora daqueles rolês de bike que não voltam mais.
07 de julho - Mc Daleste
23 de julho - Dominguinhos
#7 Nem seis meses após a morte de Chorão, e pouco tempo depois de remontar outra banda com os antigos companheiros de Charlie Brown, chamada A Banca; Champignon, antigo baixista que tinha assumido os vocais, também morreu. A banda Charlie Brown marcou minha vida desde pirralho até agora. Desde a época lá da Malhação até o Música Popular Caiçara. E Champignon era mais um integrante da banda unanimidade que se foi. Era mais um que não usava sapato. Era mais um.
09 de setembro - Champignon
25 de outubro - Paulinho Tapajós
12 de novembro - Délcio Carvalho
20 de dezembro - Reginaldo Rossi
E assim passou 2013... levando alegrias e deixando tristezas. Levando talentos; mas, com certeza, semeando outros mais que virão.
Que 2014 não seja tão cruel com a música brasileira!
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