Mais uma noite a gente tá aqui, com saúde e disposição. Outro dia gostoso. Outro dia cansativo. E assim janeiro prossegue.
Seguindo a linha dos poemas de Solano Trindade, a bola da vez hoje é Tristes Maracatus. Também extremamente ligado a cultura-religião africana, o poema vai ao baticum firme do maracatu para reavivar suas origens e demonstrar recusa ao "mundo de guerra e de ódio". Assim, percorrem-se as lembranças do poeta tendo o ritmo negro como fio condutor. No fim, ele mistura outros ritmos conhecidos por serem vindos também da África.
Foi através de um depoimento de Dumatu MC que eu cheguei a música de hoje. Nesse depoimento que circula na internet o rapper conta a história de como foi torturado de maneira cruel pela polícia de sua cidade, após tentar escapar de uma viatura. E o cara é talentoso mesmo. Em Papo de MC, Dumato argumenta o porquê de desobedecer as regras do sistema. É uma letra de revolta, de basta; radical como tem que ser. Chovem críticas à cidade dele, Campo Grande, e a quem a governa/tem autoridade. Mas pode-se perceber no fundo que se trata de uma declaração de amor sincera ao lugar. Que é como outra cidade qualquer do país: repleta de problemas do homem, mas também cheia de encantos naturais. Espero que a carreira dele dê uma alavancada com esse depoimento exposto. O cara merece. E que continue assim... "radicalmente revolucionário".
https://www.youtube.com/watch?v=5-YNZQAnzL4
Acima, o link do vídeoclipe da música, que está bloqueado para postagens em outros sites.
E as vésperas de se completar 11 anos do falecimento de Mauro Mateus do Santos, o Sabotage, assisti o documentário que saiu há pouco tempo sobre a história da vida do rapper, Sabotage Nós. Vindo lá da Zona Sul de Sampa, Sabotage ingressou nos palcos de RAP da cidade por meio das amizades que construiu dentro do movimento. Nomes como Rappin Hood, Sandrão, Helião, Negra Li, Sombra, DJ Cia, o grupo Potencial 3 e alguns produtores do Sabotage aparecem contando sua história que vai do tráfico ao RAP. Intercalam no documentário algumas entrevistas, reportagens e depoimentos de Sabota e seus familiares e amigos. Mostra-se onde ele cresceu e começou a escrever, periferia pura. Contrariando as estatísticas, o rapaz se tornou um dos maiores nomes do hip-hop nacional, propagando a cultura até nas telas do cinema. Sabotage hoje é admirado por todo o país, imortalizado pelo seu talento único. Seu nome sempre será lembrado.
Continuei escrevendo sobre os sambas de enredo de 2014. Dessa vez do Grupo de Acesso. Tudo quase pronto. Afinal, carnaval tá chegando!
Li no site de Cynara Menezes, colunista da Carta Capital, um post intitulado Qual a diferença entre o crack e a cocaína? A classe social de quem consome. Nele a blogueira expõe estudos que comprovam que crack e cocaína são praticamente as mesmas drogas, sendo o crack, porém, de efeito mais forte por ser fumado. Ela desmente também - apontando estudos - a ideia vendida de que o crack é extremamente viciante, e que praticamente não há recuperação. Sendo mais em conta, o crack acaba sendo consumido pelas classes mais pobres; e a cocaína, mais cara, pelo pessoal um pouco mais endinheirado. O ponto maior do texto é a outra visão demonstrada pela autora a respeito das políticas públicas em relação aos dependentes de crack que acabam morando nas ruas de cidades de todo o país. E na contramão de políticas higienistas para "limpeza" das ruas habitadas por "essa gente", o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, demonstrou coragem e disposição ao propor novas ideias ao assunto. Haddad propôs que os viciados na droga passassem a trabalhar na limpeza das ruas, reinserindo-os aos poucos na sociedade, sem precisar mandar a polícia descer o cacete, nem recorrer a igrejas que buscam fiéis a todo custo. A medida da prefeitura foi devidamente elogiada por Cynara, e as críticas ficaram para os hipócritas que insistem na dupla repressão & criminalização (que vem perdendo feio) para o combate de drogas. Mente fechada é osso!
Recolhi os entulhos que sobraram da construção da casa, e juntei as madeiras largadas pela varanda, pra quem sabe queimar depois.
E não aguentei, e liguei a tv do quarto. Mas foi por uma boa causa: Serra Pelada. O filme que a Globo vai transmitir em forma de série foi bem elogiado no ano passado, e faz tempo que eu tava querendo assistir. Se não for agora, quando será? Já que a internet dificulta cada vez mais a propagação de filmes entre seus usuários. De resto, tudo em cima do laço.
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