Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

sábado, 24 de novembro de 2012

Ghost Dog

Já tinha ouvido falar do filme, mas outro dia aí pelo twitter eu li alguns bons comentários sobre ele. Não teve jeito, e a curiosidade falou mais alto. Ainda bem. Fui procurar o longa no internet, e só o achei em inglês sem legenda. Não teve jeito, de novo, e dei o play.

O filme é muitíssimo bem montado. Jim Jarmuch realizou quase que uma antropologia cultural. Misturou uma máfia, com a realidade das ruas americanas e ainda inseriu a cultura japonesa no meio. A história narra a caminhada de Ghost Dog (Forest Whitaker), um assassino de aluguel que é contratado pela máfia local de New Jersey. Dog foi salvo por Louie (Jhon Tormey), um dos mafiosos, e assim deve sua vida a ele. Ghost Dog vive na laje de um prédio da cidade, cercado de pombas, com as quais mantém uma relação próxima; e segue os preceitos do Hagakure, espécie de código dos samurais do antigo Japão. Ao longo da trama, várias citações do Hagakure aparecem entre as cenas, todas contextualizadas com o que ocorre no filme. Assim ao matar outro homem á mando da máfia, acaba cometendo falha ao matá-lo na frente da filha, revoltando quem lhe mandara a esta missão.


Os mafiosos, que nem são tão mafiosos assim, passam a perseguir Dog. Numa das melhores cenas do filme, em que os 4 mafiosos estão reunidos numa mesa e Loiue os revela quem havia cometido esta falha, pode-se ver que esta máfia é bem mais uma sátira aos grupos de criminosos. Os integrantes do grupo então, após tentarem o matar sem sucesso, ateiam fogo na moradia de Dog, extinguindo praticamente todas as pombas que ali viviam. Ao chegar lá e ver a triste imagem, Dog se desola e cultiva a vingança aos mafiosos que lhe fizeram esta atrocidade. Começa assim a saga do rapaz de matar um por um dos criminosos, poupando apenas Louie que o salvara anteriormente.

As cenas são bem interessantes, e muitas vezes até curiosas. Entre os personagens secundários, merecem destaque: o sorveteiro melhor amigo de Dog que só fala francês, e é muito bem-humorado; a filha do homem que Dog matou, e que se trata de uma estranha figura silenciosa e fissurada por desenhos animados; e a menina que inicia um diálogo sobre livros com Dog na praça, recebe dele uma edição do Hagakure, e torna-se sua amiga. Outro personagem curioso é o mafioso fã de Public Enemy, que pouco antes de morrer começa a interpretar no banheiro a música do grupo feito Flavor Flav. Uma cena hilária! O modo com que Ghost Dog age é digno de cinema mesmo. Sempre com sua maleta repleta de armas e aparelhos que o auxiliam em roubos de carros por exemplo, ele segue á procura de um por um dos mafiosos. Além do mais, Dog era conhecido em sua área e não falava com muita gente, porém sempre foi respeitado. Frio, sutil e racional.


O roteiro mostra-se muito bem feito. Apesar de um pouco violento, é ao mesmo tempo de uma poesia ímpar. O seleto grupo de bons atores também merecem reconhecimento. Acompanhados de trilha sonora e fotografia excelente, méritos de RZA e Robby Feuller respectivamente. Eles, em conjunto, passam ao espectador a sensação sombria da personagem principal, e que acompanha todo o filme. Ghost Dog era um assassino com cara de mau, que porém ao mesmo tempo era uma pessoa doce e companheira aos mais próximos. O final do drama é só um desfecho para a história muito bem contada, que chega a emocionar. Até que para quem não tem um bom inglês, eu acredito que consegui compreender bem o longa metragem. Fica aqui meus parabéns a toda a produção desta obra de arte, e minha convicção de que é sempre bom saciar a curiosidade.

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