Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dom

Outra madrugada em claro que passei para ver um filme nacional. Virou rotina agora eu ver Sessão Brasil na noite de segunda pra terça, e depois comentar o filme aqui. O da vez foi Dom, primeiro longa de Moacyr Goés, que é baseado no clássico da literatura nacional, de Machado de Assis: Dom Casmurro. 

Os pais de Bento (Marcos Palmeira) resolvem homenagear o consagrado escritor brasileiro e o batizaram assim devido ao protagonista do livro, o Bentinho. Após tanto justificar seu nome de batismo, Bento passou a manter uma ideia fixa de que iria viver a história de Dom Casmurro. O rapaz morava no Rio de Janeiro, e ganhou o apelido de Dom justamente pela personagem principal do livro. Lá conheceu quando criança, Ana (Maria Fernanda Cândido), e passou a chamá-la de Capitu, devido a fixação pelo livro machadiano. Os dois viveram uma breve paixão de infância, interrompida pela mudança da família de Bento para São Paulo.

Cena do filme 'Dom', que a Rede Globo exibe na Sessão Brasil desta segunda-feira (Foto: Divulgação)

Bento cursou engenharia, e lá fez seu melhor amigo; Miguel (Bruno Garcia). Miguel não concluiu o curso, para se dedicar a carreira de cineasta. Assim convidou Bento para acompanhar uma gravação sua no estúdio de filmagem. Lá Dom reencontrou Ana, que se tornara uma atriz muito bonita. A paixão pela moça reascende em Bento, que se aproxima da moça. Os dois relembram os tempos de criança, no entanto são afastados novamente pela distância (já que Ana ainda morava no Rio de Janeiro). Dom se viu apaixonado novamente e embarca de surpresa num voo para a capital carioca, a fim de encontrá-la. Apesar de ambos estarem em um relacionamento com alguém, acabam se beijando e provando que seria inevitável ignorar a paixão antiga. Não demora muito para o casal ficar junto, e se mudar definitivamente para São Paulo.


Os dois são bem felizes no início, porém ao longo do tempo Bento vem demonstrando seu ciúme de Miguel, que cada vez mais se aproxima do casal apaixonado. Ana engravida, e o ciúme de Dom só aumenta. Além de muito ciumento, ele não quer que sua amada trabalhe. Ana então o contraria, e começa a gravar um filme com a direção de Miguel. O ciúme de Bento ia ficando cada vez mais incontrolável, afetando seu psicológico. O casal então briga diversas vezes, tendo como assunto principal das discussões o amigo de Dom: Miguel. Ana resolve partir com seu filho, deixando o marido após o mesmo fazer um exame de DNA para confirmar sua paternidade. No caminho Ana sofre um acidente de carro e acaba falecendo, entretanto seu filho acaba sobrevivendo á tragédia. O filme encerra-se com Bento junto ao filho, sem saber se realmente é o pai da criança, pois queimara o resultado do exame.

A intenção do diretor ao se inspirar no clássico de Machado de Assis foi boa, porém não é sinônimo de sucesso. O longa-metragem é regular. É nitidamente uma releitura de Dom Casmurro que segue á risca a linha do livro. Tendo como foco principal o ciúme de Bento, o filme acaba deixando de lado muita coisa presente no livro. Acho que o Moacyr imprimiu no filme sua opinião sobre o livro de Machado, em que Bentinho provavelmente não teria sido traído por Capitu, e sim ter fantasiado todo esse adultério. Logicamente que os roteristas não possuem o talento de Machado de Assis, deixando muito a desejar em relação a obra do mestre da literatura nacional. Mesmo assim vale acompanhar e se envolver na história, para no final ter a "certeza" de que Bento não foi traído. Já no livro, esta "certeza" é bem mais incerta. Felizmente!

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