
Capa do disco com os sambas de enredo deste ano
Vamos lá, escola a escola, pela ordem do CD:
O disco começa com o samba da Unidos da Tijuca, a campeã do ano passado. Eu já não tinha ido muito com a cara da obra de 2012, e não mudei de opinião para este ano. O samba é até bem escrito e com algumas boas sacadas, mas não empolga. O enredo é interessante, porém não parece ser muito claro. Bruno Ribas até se esforça, mas a melodia não é contagiante. Um samba mediano, pouco pra quem quer se bi-campeão.
Em seguida Xande de Pilares, Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa anunciam a Acadêmicos do Salgueiro. Acho um tanto exagerado o número de intérpretes na faixa. Uma curiosidade é que o samba tem o mesmo número de autores, e de puxadores no CD (quatro). Mas não se pode negar que são três bons intérpretes de avenida, e mais uma bela voz da música nacional. Sobre o samba, enxergo uma certa pobreza na letra. Devido talvez ao enredo inusitado. Porém é um samba extremamente pra cima. As rimas são bem fáceis de memorizar. O destaque fica por conta da bateria Furiosa, que mandou benzaço na faixa inteira!
É com uma simplicidade sublime que chega aos ouvidos a faixa da Unidos de Vila Isabel. Composto por: Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz, Tunico da Vila e Leonel o samba é certamente um dos melhores dos últimos carnavais. E sem sombra de dúvidas, o melhor do ano. Poesia pura. Uma melodia singular, muito interessante de se escutar. Dá vontade de sair cantando, e ir junto à escola. Fora a belíssima introdução que foi feita. A Vila com esse samba, larga na frente das demais rumo ao título.
Sob o relinchar de um cavalo, e os galopes de seus tamborins; a Beija-Flor de Nilópolis parece vir diferente. A melodia se sobressai em relação aos últimos carnavais da escola, lembrando muito o último bom samba deles - em 2007. Neguinho da Beija-Flor (ainda) tá cantando muito! O samba é muito gostoso de ouvir. Bons refrões, e uma parte final que "sobe" a escola toda. Transmite bem o enredo, de gosto duvidoso. Destaque para o cavaquinho dando um toque especial na harmonia da Beija. Só achei bem desnecessário os gritos de "é campeã" no final da faixa.
Com uma dupla que se entrosou bem nos microfones, a Acadêmicos do Grande Rio trouxe um samba diferenciado. A começar pelo curto refrão, e que não sai da cabeça não. Também chama atenção pelos versos curtos, e fáceis de serem cantados. De início não gostei muito da obra... mas ela foi me conquistando. Me peguei diversas vezes cantarolando essa melodia. Muito se deve pela Invocada Bateria, que deu show no áudio! Diversos breques bem elaborados, com uma atenção especial ao da parte final do samba (em que ficam apenas os surdos de terceira desenhando). No entanto a letra fica devendo bastante. O enredo não me parece muito conciso. Como se trata de um protesto, acredito que caberia ali um bom-humor.
Outra poesia no disco. Muito se deve ao enredo que foi brilhantemente escolhido. Com um samba grande, mas antes de tudo, um grande samba. Assim que vem a Portela esse ano. Falando sobre seu próprio bairro, não tinha como não dar samba bom. Gostoso de ouvir, com uma cadência ímpar. Levada bem gostosa. Tenho um receio de na avenida ele ser um pouco mais acelerado. Tomara que isso não ocorra. Só não é o melhor samba de enredo do ano, porque a Vila não deixou. Mas os dois ficam ali, juntinhos na nota máxima.
Com quatro vozes marcantes, a Estação Primeira de Mangueira mostra sua obra. Destaque pro Agnaldo Amaral, um dos quatro intérpretes da escola, e que poderia levar muito bem o samba sozinho (assim como qualquer um deles). Não acho necessário esse monte de puxadores, mas se a escola tá feliz assim... Já sobre o samba achei que o nível de composição da escola caiu este ano. Ele até tem seus bons momentos, como o refrão ou alguns versos, mas é extenso. Não muito empolgante. Me lembrou os sambas paulistas.
A simpática União da Ilha do Governador vem cantando Vinícius de Moraes. Teoricamente daria um bom samba. Só na teoria. Talvez a grande decepção do ano foi da escola insulana. Nem Ito Melodia deu jeito. A letra e a melodia não parecem casar muito bem. Simplesmente não gostei do samba. Custo a ouvir a faixa inteira.
Para quem aprecia música, ouvir a faixa da Mocidade Independente de Padre Miguel é um bom passa-tempo. Não só pelo tema da escola, que é sobre o Rock in Rio e relembra os diversos festivais. Mas sobretudo por conta da sempre elogiada Não Existe Mais Quente, bateria da escola. Um show à parte, principalmente no refrão do meio, com destaque pra guitarra elétrica, o cavaco e o pandeiro. Em termos de samba de enredo a agremiação fica devendo. Tem até uma melodia agradável, é curto e bom de cantar. Mas acredito que a Padre Miguel deverá perder pontos no quesito. Muito disso por culpa da letra.
É dizendo que "o Pará é a obra-prima da Amazônia" que Dominguinhos do Estácio abre a faixa da Imperatriz Leopoldinense. Um fato interessante é que ele já tinha dito isso em 2004, pela Viradouro, quando a escola reeditava um famoso enredo sobre o círio de Nazaré. Aí surge em parceria com Dominguinhos, o Wander Pires. Ponto pra Imperatriz! São dois "puta" intérpretes, que misturam muito bem duas gerações ao cantarem o hino da escola para este ano. E que hino... É um samba extremamente bem feito. Em uma letra toda bem escrita e adequada. Isso porém não fez o samba se tornar burocrático. A melodia também é bem interessante. A bateria Swing da Leopoldina dá o tom da bela faixa, que é a cara da escola. Merece ser ouvida outra vez.
Com toda irreverência que lhe é característica, a São Clemente vem falando do horário nobre. Claro, de uma maneira bem-humorada. Entretanto, há uma diferença na escola este ano. Quem antes criticava com muita alegria e deboche diversos assuntos da mídia em seus enredos, hoje canta na avenida as novelas da Globo. No mínimo curioso. Senti falta dessa crítica esse ano, que se tornou marca da agremiação. No mais, é um samba muito animado. Talvez o mais "pra cima" do ano. Vai funcionar, sem dúvidas. Também, o intérprete é logo o Igor Sorriso. O destaque fica por conta dos primeiros versos, que dão um tempero nessa salada. O resultado é positivo.
E para encerrar a safra 2013, a Inocentes de Belford Roxo trouxe um samba quadrado. Até burocrático. Também, o enredo não ajuda nada. Os puxadores até mandaram bem. É outro samba que lembra os da capital paulista. Na difícil missão de permanecer no grupo Especial, a escola errou a mão. Outra faixa que não me dá vontade de ouvir as duas passadas.
E como diz o samba da Grande Rio: "é, a mensagem taí...". No geral a safra é boa, superior aos últimos anos. O CD visualmente também está mais bonito. Acredito em um grande carnaval no RJ, apesar da quantidade de enredos patrocinados, que não prezam tanto pela qualidade.
A briga na avenida é boa; e saudável! Desejo um bom desfile à todas elas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário