A Globo acertou em já trazer à telinha as duas produções. Apesar de há pouco tempo atrás estarem nas salas de cinema do país, acho que ambos os longas merecem a visibilidade nacional que a televisão brasileira alcança. Afinal são duas histórias relevantes à nossa cultura.

Cena do filme "Xingu"
Xingu conta a aventura dos irmãos Villas Bôas (Orlando, Cláudio e Leonardo), que nos anos 40 embarcaram numa expedição rumo à mata fechada, no interior do Brasil. Desconhecido do homem branco, até então. Essa expedição acabou tendo o primeiro contato com os indígenas do local, e que posteriormente criou laços de amizade entre os dois "lados". Porém, o Governo da época clamava pelo progresso, e achava que esses índios estariam no caminho. Os irmãos abraçaram a causa nobre, e defenderam o direito das terras indígenas. Muito se foi discutido, muitas vidas foram perdidas também; mas ao correr de alguns anos eles conseguiram uma vitória: o Parque Nacional do Xingu. Uma espécie de grande reserva indígena, em que ali dentro os nativos estariam livres da ação do homem branco. O Parque existe até hoje. Firme e forte.
A narrativa é linda, chega a emocionar. Nos faz enxergar que os verdadeiros donos de toda esta terra, são eles. Nós é que os expulsamos. O filme também acerta na escolha do elenco, na filmagem/fotografia e sobretudo na trilha sonora. É uma delícia assistir, e aprender um pouco mais sobre nosso passado. Destaque para a atuação dos índios. É um filme que leva um jeitão de documentário, e me pareceu ser bem fiel à realidade. Ainda mais em tempos de diversas desapropriações de terras indígenas, entregues aos grandes fazendeiros. A belíssima produção veio em boa hora, e pra ficar na memória.

Gonzagão (Nivaldo Expedito) e Gonzaguinha (Júlio Andrade)
Agora, fazer um filme sobre a vida do Rei do Baião e seu filho é tarefa difícil. Tantas histórias que se encaixariam no longa metragem... Tanto de Luiz Gonzaga, quanto de Gonzaguinha. Mas fizeram melhor do que isso. Elaboraram o enredo entorno da relação entre esses dois grandes nomes da música brasileira. Uma relação difícil por ambos os lados. O filme narra desde a vida que Luiz (ainda menino) levava no Nordeste, até reconciliação com seu filho. Passando por seus amores, o exército, os amigos, a carreira no Rio de Janeiro, o sucesso no país, o declínio, o reconhecimento que seu filho começava a ganhar, e tantas outras coisas; ficando inclusive, algumas de fora. Claro que não cabe tudo no filme, mas ele até poderia ser um pouco mais completo, já que é quase uma biografia do Gonzagão.
Mas no geral o filme é muito bem feito. Emocionante! O roteiro é mais envolvente do que o de "Xingu", por se tratar do Rei do Baião. Homenagem justíssima ao centenário de Luiz Gonzaga. Os atores são talentosos. Há uma bela seleção de músicas. Mas o destaque da obra fica por conta de conseguir mesclar ora um humor bem contextualizado, ora momentos de fortes emoções. Outro filme pra ficar em nossas lembranças, juntinho com a música dos Gonzaga's. O pai, e o filho.
Espero que a emissora continue explorando este lado cultural da televisão. O Brasil é muito rico, e tem muita coisa boa sendo produzida aqui. E isso merece destaque. Só espero porém, que desta vez exibam o filme completo. E não em partes recortadas.
Que venham mais filmes nacionais de qualidade e conteúdo!
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