Mais um ano que chega ao final. Primeiro ano aqui. Lá pelo 15º em Pindamonhangaba. Não vim aqui resumir meu ano (por falta de tempo). Nem dizer que no dia 31 encerra-se um ciclo, e blá-blá-blá (por falta de saco). Não. Vim agradecer!
Obrigado a todos que participaram do meu ano, as pessoas que conheci, as que entraram aqui por algum motivo e estão lendo isso agora. Obrigado a família, amigos e conhecidos. O ano não foi às mil maravilhas, mas foi bem proveitoso. Se não de que valeria vivenciá-lo?
Aprendi muita coisa, conheci bastante lugar diferente, vi coisa boa, escutei coisa (boa) pra caralho, li um pouco mais e, também estou tentando escrever cada vez mais. É claro que trombei coisa ruim também, mas isso aí agente não precisa ficar levando na memória.
De 2012 ficam boas histórias, que eu sorrio só de lembrar... Um dia, talvez, eu poste algumas
É claro que tiveram perdas neste ano, mas os ganhos as superam de longe. Pra quem se importa comigo, eu vou bem. Obrigado. Se de algum modo você fez parte do meu 2012, ótimo. Se não fez, muito prazer em 2013.
E que venha o ano que vem, do jeito que tiver de vir...
Cola cum Fróis
Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Kit Carnaval SP 2013
Fim de ano é sinônimo de que? Proximidade com o carnaval, é lógico. Então há algum tempinho atrás a Liga Independente das Escola de Samba de São Paulo (LIGA) lançou o kit do Carnval 2013 - CD com sambas de enredo + Revista do Carnaval 2013. Ouvi e li o material algumas vezes, e achei que seria válido manifestar minha opinião aqui. Segue então a minha opinião sobre revista e do CD, e é claro, dos sambas. Abaixo uma foto da festa de lançamento do Kit, que ocorreu no sambódramo do Anhembi.
Enfim iremos falar de escola por escola. Revista e CD.

Começando pela revista, que já tem a sua quarta edição, e se
tornou uma bela forma de divulgação do carnaval paulistano ao vendê-la
juntamente com o disco. Outro ganho do nosso carnaval é fabricar o material
duplo, isto é, contendo escolas do grupo de especial e acesso. No geral o
material melhorou mesmo em relação ao de 2012, tendo esse ano uma revista mais
completa e gostosa do sambista ler. Fizeram bem em retirar a merda que fizeram
ano passado, ao ocupar as páginas da revista com a versão em inglês de cada
texto. Gostei muito também da homenagem feita a D. Edna e Zelão, que
infelizmente vieram a falecer neste ano. Outro ponto positivo deste ano é o
artigo escrito no final da edição por Fabio Cavicchio Parra, traçando uma bela
visão e análise sobre as Comissões de Frente que tanto mudaram em nosso
carnaval. A única ressalta a se fazer negativamente; é sobre o marketing exposto nas primeiras páginas,
dando a falsa impressão de que o Governo apoia e investe no seu carnaval da
melhor forma possível.
Sobre o CD eu digo que em geral foi muito bem gravado e mixado. A
tecnologia vem crescendo, e o carnaval acompanhando. O pequeno coral ao fundo
de cada samba também é agradável. Porém, ai porém; quiseram limitar de mais o
tempo de cada samba. Não há nem um aquecimento antes. É só o grito de guerra do
intérprete e pronto. Gostoso é ouvir aquele samba-exaltação antes de cada
faixa. São Paulo tinha essa característica nos discos anteriores, e isso vem se
perdendo. Não pode. Quem compra o CD não quer apenas ouvi-lo para o carnaval
2013. Quer ouvi-lo sempre, tê-lo de recordação. Esse esquenta antes do samba dá
singularidade a cada obra. Agora em questão de qualidade, também lamento este
ano. Tá certo que alguns temas escolhidos pelas agremiações nada contribuem
para um bom samba. E que algumas sinopses escritas pelos carnavalescos só
pioram a situação do compositor. Mas não é pra tanto. Os sambas parecem
obedecer uma tendência de serem cada vez mais uniformes, meio que seguindo um
modelo de samba nota 10. E o pior é que no fim muitos destes sambas alcançam a
nota máxima, devido ao mal critério atribuído pelo jurado encarregado ou pela
forma que lhe orientam a julgá-los. Ano passado a coisa não era muito
diferente. Entretanto se você for ouvir o disco dos sambas de enredo de 5 ou 10
anos atrás já nota-se uma diferença legal. Talvez seja a tendência da vez.
Resta-nos esperar a cada ano por um samba que salve a safra. E isso vem
acontecendo sempre. Ah... senti uma pegada mais fraca das baterias em algumas
escolas também. Acho que se pode brincar bem mais do que apenas entrar diretão
com o samba.

Enfim iremos falar de escola por escola. Revista e CD.
Mocidade Alegre: A faixa começa lindamente com a homenagem
da presidente Solange à Seu Beto, baluarte da escola e compositor do samba de
1981, que foi brevemente relembrado junto com a homenagem à seu autor. O enredo
é curioso. Pode-se esperar boa coisa dos carnavalescos. O samba não chega a ser
destaque, mas é bom. Com a interpretação de Clóvis Pê torna-se a cara da
escola. Só acho que a bateria deu uma leve acelerada em relação ao que vem
sempre apresentando. Talvez seja pelo fato do samba ser um pouco extenso. A
obra é correta, e parecer traduzir bem a proposta do enredo. A melodia é muito
bonita. Só não gosto muito dos refrões, que seguem o excessivo uso de verbos no
infinitivo.
Rosas de Ouro: O Rosas
este ano acertou. Um enredo rico, e que parecer trazer junto o polêmico
patrocínio. Mas este patrocínio por sua vez, não é escancarado como em certas
escolas. Parece estar no ponto certo. Agora o samba de enredo poderia ser
melhor. Supera sem dúvidas as últimas canções apresentadas pela escola, mas
ainda não se pode colocá-lo no grupo dos melhores do ano. Outro samba comprido.
Quem sabe seja devido ao enredo que também é extenso. Sua letra é muito bonita,
e a melodia acompanha bem esse nível. Porém o que diminui a qualidade da obra
são os clichês. Outro fator é que o samba não é lá muito explosivo e nem fácil
de decorar. Vale também elogiar a performance da bateria do mestre Tornado, que
tirou onda!
Vai-Vai: Novamente o vinho na avenida. Mas nenhuma
história é contada do mesmo jeito. Apesar de batido, o tema não deixa de ser
interessante (e saboroso, rs). E o que falar dos sambas do Vai-Vai hein? Só
pancada! Mesmo quando não é muito bom (como no ano passado) se torna um dos
melhores do ano. Dessa vez não foi diferente. Samba curto. Fácil de cantar. Os
refrões dão um toque especial a obra. O refrão do meio é aquele que sacode a
galera; e o principal é o mais poético, que além de apresentar muito bem o
enredo, tem uma belíssima melodia. A batucada, acelerado como lhe é
característica, fez a sua parte. Já Wander Pires parece ter se excedido no
cacos.
Mancha Verde: O tema da Mancha Verde é muito bom. Mário
Lago tem uma história muito a ver com samba. Mas o modo que ele é abordado não
me agrada muito. Trata-se de uma biografia do compositor e ator carioca. O
sambinha é até bom. Nada comparado ao lindo hino do carnaval passado, mas é
gostoso de cantar. Em alguns momentos se torna um pouco cansativo, creio
eu por ser repleto de referências na letra. Fredy Vianna mostrou que casou
muito bem com a escola. Se tratando da Mancha a gente espera sempre os melhores
sambas, desta vez contentaremos com apenas bom.
Unidos de Vila Maria: Com
um enredo não muito lá carnavalesco a Vila vem tentando o título inédito. Mas
parece que não vai ser desta vez. Samba-Enredo não é o ponto forte da escola.
Pelo menos não nos últimos anos. Meio apelativo, quase puxa-saco. Até os
refrões são difíceis de cantar. Longe daquele samba bom sobre o Japão em 2008.
Simplesmente não gostei. A bateria melhorou na gravação deste ano. Mas o a
interpretação caiu na qualidade. Aí dá no mesmo.
Acadêmicos do Tucuruvi: A faixa começa lá em cima com a belíssima introdução. Enredo
muito bem escolhido pela escola. Mazzaropi é a cara do carnaval. Igor Sorriso
parece ter trazido a irreverência de sua São Clemente lá do Rio. O samba todo é
assim. Alegre e Irreverente. A começar pelos refrões empolgantes
(principalmente o refrão do meio). Só a segunda parte da letra que me pareceu
um pouco extensa em seus versos, mas nada que comprometa a qualidade de uma
obra tão boa de se ouvir. Aplausos Tucuruvi.
Dragões da Real: A
introdução (não se pode nem chamar de esquenta mais) começa legal com o samba
do carnaval passado, que por sua vez não era muito bom, mas sem dúvidas supera
o hino da escola neste ano. O enredo é até interessante, mas o samba não
acompanha-lhe. Daniel Collete faz o possível para levantar sua melodia, porém
ela não se mostra nem um tanto empolgante. Os refrões no geral são fracos. O
refrão do meio então, é inteirinho composto por clichês de obras do carnaval. A
letra também é marcada por versos que caem no lugar-comum e, rimas no
infinitivo; que acabam deixando-a saturada. Típico samba sem brilho.
Tom Maior: Uma
das escolas que costuma ter apenas sambas de boa qualidade desde que ingressou
ao grupo especial, decepcionou em 2013. O enredo não ajuda nem um pouco. É uma
tentativa de maquiar o patrocínio obtido pela escola, que criou um tema em cima
dele. Dependendo da forma que for abordado, o enredo pode até se tornar
interessante. Mas o samba não empolga. O refrão principal é até criativo, a
letra tem um tamanho bom, e a história é contada de forma sutil; no entanto ele
não chega a ser bom. Contudo, Rene Sobral e Mestre Carlão ajudaram (e muito),
fazendo o possível para elevar o samba.
Gaviões da Fiel: Tanto enredo interessante dando sopa por
aí, e os Gaviões vem trazer justo um sobre a propaganda. Já não basta ela
encher o saco na televisão, no rádio e mais recentemente na internet; vão
trazê-la ao carnaval. Cogitaram muita coisa boa pra servir de tema, mas acharam
este melhor. E como diz a lenda, quando o enredo não é bom o samba também não
será. Uma obra comprida, quase burocrática; que tem seu ápice logo após o
segundo refrão. E que, aliás, é um refrão legal. Só! Ah, que saudades dos
sambas que a Gaviões trazia à dez anos atrás. Na revista, a escola não
homenageou ninguém de sua história no espaço que haviam colocado para isso, e
no lugar puseram fotos de musas. São bonitas, claro; mas no mínimo foi um
desrespeito com sua tradicional velha guarda, que com certeza tem muito pra
contar. E eles ainda teimam em misturar futebol com samba, fazendo alusão ao
time que os originou, no início e no final da faixa.
X-9 Paulistana: Vindo de sambas ruins nos últimos anos, e com um tema já
muito conhecido pelos sambistas da cidade, não se poderia esperar muito do
samba de enredo da X-9. E não é que ela nos surpreendeu mesmo? Sambão.
Diferente, criativo, bem feito e bem contado. Royce do Cavaco leva a obra ao
seu patamar máximo. O modo com que o enredo é abordado parece ser bem
diferente, e curioso. A letra do samba mostra essa saga de uma viajem que se
finda em festa na tão diversa cidade de São Paulo. Mestre Bruxinha evoluiu
nitidamente de um ano pra cá. O único compositor fez um belo poema.
Império de Casa Verde: Se for seguir pela ordem da revista seria o Águia de Ouro
(devido a algum erro na impressão), mas no CD é mesmo o Império. Como lhe é de
costume, a bateria de Mestre Zoinho dá um show à parte. Carlão segue bem no
microfone. Mas em questão de samba a coisa não é bem por aí. Outra letra
comprida, e lotada de referências. No geral, muito previsível. O refrão do meio
quebra bem essa linha cansativa, faz o samba crescer, e a bateria se aproveita
muito bem disso. Só que depois, o samba volta a ser chato, creio eu por culpa
de sua melodia. O enredo também é um pouco batido.
Águia de Ouro: Se
o enredo do Águia já era bom, se tornou muito melhor com o samba feito. (Com o
perdão da palavra) puta que pariu, que samba bonito! Sem dúvida nenhuma é a
melhor faixa dentre as 22. Outra obra diferenciada, que se distingue das
demais, que sai do lugar-comum. Seja na poesia da letra, ou na melodia
deliciosa de se cantar. São várias alusões às composições de João Nogueira em
toda letra, que é repleta de partes que se sobressaem. Mas o grande diferencial
está no final do samba, que termina com uma deixa belíssima para o refrão
principal, e ainda abre espaço pra bateria fazer uma graça. Sem falar nos
refrões: o principal num tom muito gotoso (mesmo sem citar o nome da escola), e
o do meio com uma sextilha que não torna-se cansativa. Aliás não é só o refrão
que não é cansativo não. O samba tem um tamanho maior nos versos, mas sua
melodia varia tão bem que de maneira nenhuma ele se torna exaustivo. O samba de
introdução à faixa - e de autoria de João, apesar de curto, é de emocionar. Uma
faixa para se ouvir de manhã, e cantarolar de tarde por aí. Ah, e um detalhe:
Diogo Nogueira, filho do João, está no time dos autores deste hino, que é
justamente sobre seu pai.
Nenê de Vila Matilde: Vila que te quero Vila! De volta ao Especial, vem trazendo
um enredo notável e muito importante. A igualdade foi brilhantemente escolhida
para o carnaval 2013, agora se ela será bem desenvolvida tenho lá minhas
dúvidas. O samba apesar de não empolgar, retrata bem isso. Conta bem a história
proposta, preenchendo de forma contundente os versos da obra. Luizinho Andanças
tem uma participação especial; afinal ele o cantou muito bem nas eliminatórias,
e agora também no disco. Não podemos dizer que o nível de sambas apresentados
pela agremiação caiu, até porque este não é inferior aos últimos anos, mas a
explosão chega a fazer falta à escola. Não deixa de ser um samba forte, de mensagem.
Acadêmicos do Tatuapé: A empolgação que faltou na faixa anterior, sobra nessa. O
Tatuapé aposta num refrão fácil e contagiante. A letra é bonita, bem
desenvolvida e tem boas passagens. Lembra-me muito a obra do carnaval passado.
No geral a melodia é simples, assim como o samba todo. O enredo é uma bela
homenagem a uma grande sambista, assim como em 2012. Porém desta vez quem
recebe reverência é Beth Carvalho. Senti falta da participação da cantora, pelo
menos na introdução ao samba. Um ponto positivo no samba de enredo do Tatuapé
neste ano, é a volta do título inteiro do enredo aparecer na letra do samba.
Bela tradição de antigos carnavais, que não era pra ter se perdido.
Pérola Negra: Na mesma linha dos últimos anos, a escola
vem trazendo sambas bons e de belas letras; com uma melodia não tão
contagiante. Este carnaval não será diferente. O ponto fraco da vez são os
refrões que não empolgam, e que tornam-se apenas duas quadras na obra que são
repetidas. Isso porém parece ser compensado na bela letra que traduz bem o
enredo, que em base é a narrativa escrita por Ariano Suassuna e, que
posteriormente tornou-se um filme de grande sucesso nacional. O samba não
consegue trazer consigo nem um pouco da magia da obra do escritor, mas expressa
o enredo de forma correta. Não deixa de ser um dos melhores sambas de enredo do
Grupo de Acesso.
Camisa Verde e Branco: É com a linda e brevíssima introdução do
samba de 1986 que o Camisa inicia sua participação no disco. O refrão mostra
que cresceu na voz de Igor Sorriso, o novo intérprete, e ganhou a cara da
escola. O samba é curto e muito fácil. Crescente no seu segundo refrão e bem
desenvolvido na letra como um todo. Não é uma obra-prima, mas tem os elementos
ideias para a alegria que tem o carnaval. A letra casou muito bem com a
melodia. Agora em termos de enredo a escola não parece estar tão bem. O tema é
bonito para um desfile, mas o que preocupa é a forma com que ele será abordado.
A partir do texto (muito mal) elaborado pelo carnavalesco da escola, pode-se ter
a noção da dificuldade que os compositores devem ter encontrado para fazer o
samba. Fora os erros de português que o tal texto contém... Ainda bem que a
revista do carnaval não vale nota! rs.
Leandro de Itaquera: Outro tema afro no carnaval paulistano. Este
por sua vez não parece ter algum diferencial. Como de costume, o samba é bom.
Tema afro dá samba bom! Mas o tema que não parece ser tão bom assim. Ao
englobar tantos assuntos de um tema sem um propósito central, o enredo poderia
facilmente fugir da proposta. E, ao meu ver, isso transcorreu ao longo de toda
a letra. Com tanta coisa para se falar é difícil chegar a um ponto de
equilíbrio a não ser a cultura afro. Mesmo confuso, o enredo não deixa de ser
rico. A letra expressa bem toda esta riqueza, e ao mesmo tempo em que é extensa
a sua melodia faz com que o samba passa muito bem pelos ouvidos. Em
especial na parte final da obra, que é o ápice do samba. A bateria de Mestre
Augusto parece ter amadurecido bem. Agora outro desrespeito na sessão de homenageados
na revista é feito pela agremiação em seu segundo ano consecutivo. A parte
entregue à escola é para que façam uma homenagem à seus baluartes, e não para
bajulação de políticos como a Leandro fez novamente. Lamentável.
Estrela do Terceiro Milênio: Mais um enredo-homenagem. Porém desta vez
não é sobre alguém importante para o samba como três escolas fizeram
anteriormente neste disco. Elke Maravilha é uma personalidade de destaque no
Brasil, mas creio eu que muito mais gente merecia uma homenagem da escola de
samba por aí. Já o samba é simples e breve. Não tem uma bela letra, e nem uma
bela melodia; mas é correto. Não chega a ser ruim. Em momento nenhum a obra
chega a empolgar, no entanto a bateria Pegada da Coruja bem que tentou. André
Pantera interpretou muito bem o samba. E mais uma vez a bajulação de políticos
se fez presente na revista. E de novo pelo segundo ano consecutivo. Dessa vez
foi a Terceiro Milênio que em vez de dar valor a sua própria comunidade
preferiu fazer média com deputado.
Morro da Casa Verde: A simpática escola da Zona Norte começa sua faixa com a, no
mínimo cômica, chamada de Adeílton. Outro samba simples, sem destaque, porém
desta vez o enredo abordado é bom. Liberdade, é essencial. Novamente a Morro
acertou no tema. A letra é curta e correta. A melodia não agita ninguém. Apenas
o refrão principal chama o povo, sem apelar para nenhum clichê. Como disse o
intérprete: "tudo bem feitinho".
Unidos do Peruche: Outra escola que começa com um belo arranjo de corda na
introdução, mas como em todas as faixas neste ano, é de curta duração. O refrão
principal logo começa forte e contagiante, mas acaba aí. O samba não é alegre.
Pelo contrário, é extenso demais e burocrático. Já o enredo é muito bom de se
falar, e veio em boa hora. Porém se não for bem traçado, assim como na Leandro,
pode acabar se perdendo na própria história. O ponto mais fraco pra mim, é o
refrão do meio que, mesmo com o esforço de Toninho Penteado acaba cansando. O
samba todo não chega a esse ponto, devido a melodia que explode da parte final
do samba para o refrão principal.
Imperador do Ipiranga: A denúncia da escola é válida. O enredo é engajado, e forte.
Em primeira pessoa, o samba é feito como se a criança clamasse pela ajuda. A
letra é toda baseada neste apelo, e por mais que seja um pouco confusa, é muito
bonita. A melodia é gostosa, e Evandro Malandro contribuiu muito para essa
impressão. O refrão é muito bom, não tanto quanto no carnaval passado, mas
próximo do ideal. Apesar do enredo delicado, a obra teve um resultado bom.
Entretanto acho que poderia ser um pouco menor na sua parte final. O título do
enredo também foi bem escolhido.
Unidos de Santa Bárbara: E por fim a agremiação do extremo leste
deixa sua marca no disco. Uma contribuição válida, sendo uma escola recém
ascendente. Escolheu um enredo muito bom, e escasso no cotidiano. A gentileza!
A letra do samba é um tanto quanto comprida, com uma melodia arrastada. Mas
sobe na parte final, com direito a bossa da bateria. Só achei desnecessária a
participação de Tinga no meio da faixa, que praticamente nem cantou e só fez
cacos. O samba é até simpático e encerra bem o CD e a revista do carnaval
paulistano 2013.
Por fim concluo que nos resta ouvir e aprender as obras para o
carnaval, e acompanhar sua evolução na avenida. Espero também que ano que vem
possam corrigir os erros do material deste ano, e que a qualidade dos sambas
melhore. Samba de enredo tem que ser ímpar, não pode seguir modelo algum. Cada
samba tem sua particularidade e sua individualidade. Regredir esse caminho é
burrice. É tentar padronizar o carnaval.
Ufffffaaaa! E que venha o carnaval de 2013 aí!
sábado, 22 de dezembro de 2012
Um Domingo por culpa do Corinthians
Bom amanhã fará uma semana do tal título mundial do Corinthians. Como todos já sabem, e devem estar fartos de ver e ouvir a repercussão na mídia (exceto os corintianos, é lógico), o Corinthians levou a taça. Aí me veio a ideia de contar onde eu estava quando tudo ocorreu...
Sábado a noite eu tinha ido à uma festa em São Paulo, e voltei pra casa por volta de sete e meia ou oito da manhã. E por coincidência ou não, o jogo seria as oito e meia. Tomei chuva na madrugada, meus pés estavam encharcados e a dor de cabeça já vinha vindo junto com o sono. Tudo o que eu queria no momento era apenas deitar e dormir. Foda-se o Corinthians, foda-se o Chelsea, foda-se o Mundial Interclubes e o caralho à 4.
Chegando próximo ao apartamento de minha irmã eu já vejo: a rua, a calçada, o meio fio e até os carros tomados por torcedores; com telão, fogos de artifício, bombinhas, com crianças brincando, barraquinhas de churrasco, caixas e mais caixas de cerveja e, até mesmo alguns instrumentos de carnaval. Era OITO DA MANHÃ! Finjo estar feliz também, só pra conseguir passar por ali mais rápido. Subi ao apartamento, e mais corintianada festejando por entre os andares e prédios vizinhos. Tentei ignorar. Em vão. Entrei, e encontrei dois amigos de minha irmã dormindo pelos colchões. O espaço pra deitar era pouco. Fui tirar o tênis, escovar os dentes, lavar o rosto para tentar puxar pelo menos uma sonequinha.
Encostei a cabeça no travesseiro, e os fogos, e a batucada, e a gritaria... tudo. Tudo aumentou o volume. Me subiu um ódio desse jogo, desse time, dessa torcida. Não tenho nada contra o Corinthians, mas devido a situação decidi torcer contra. Não fiquei nem um minuto na cama. Vesti o chinelão, peguei uma camisa limpa e desci pra ver a partida. Saí do prédio, e uma turma de bêbedos quase me levou pra barraquinha onde estava passando o jogo pelo telão. Deviam pensar que eu fosse corintiano também. Deviam ter virado a noite também. Peguei a rua contrária à festa dos torcedores.
Parei numa padoca qualquer. A Bela Vista como um bom bairro de raízes italianas que é, pensei logo que os funcionários fossem em sua maioria palmeirenses. Que nada. Todos corintianos. Porém só fui descobrir isso depois de gritar gol quando o time do Chelsea quase marcou no início do jogo - que Cássio salvou com os pés em cima da linha. Pedi um suco. Demorou pra chegar. A padaria não estava cheia. Depois de uns minutinhos fiquei pensando que o rapaz corintiano tinha cuspido no copo. Esse receio aumentou quando ouvi ele dizer pra um colega de trabalho "esses caras que não tem time e fica torcendo contra" "é foda". Acabou o primeiro tempo, sem gols. Fui embora sem terminar o suco. Paguei, fui pra rua. Vazia. Completamente vazia. Só encontrei um morador de rua e uma viatura no caminho de volta ao apartamento.
Subi novamente. Só estava um amigo da minha irmã, desta vez acordado e vendo o jogo. Ele não tinha time do coração, mas estava torcendo pelo Corinthians também. Resolvi aproveitar o intervalo pra dormir. Que ingenuidade! Rojões e bombinhas pareciam serem soltos no andar do lado. Abri a janela pra ver o que rolava lá na rua, e juro, que por menos de um metro não me acertam com um busca-pé. Deitei na cama. O jogo recomeçou. De olhos fechados eu não cheguei a dormir, mas ouvia a narração do Galvão. Até que escuto um lance de perigo. Virei pra ver. Gol. Quis me enterrar embaixo do travesseiro! O barulho ficou insuportável. A essa altura minha dor de cabeça quase seguiu o caminho do barulho. O sono então parecia de todo jeito me fazer dormir. Mas todos queriam o contrário. Enfim cochilei após uns 10 minutos do gol. Acordei de novo com a barulheira faltando menos de 5 minutos pra acabar. A cada momento se escutava uma voz diferente gritando "Vai Corinthians!" ou "É Campeão!". Tentei dormir mais uma vez... Era tarde demais.
Quando ouvi o apito do sr. árbitro da partida logo desliguei a televisão. Mas não adiantou. A rua era mais barulhenta. E a festa prosseguiu. O batuque voltou mais forte. Fogos. Depois colocaram músicas do clube. Rojões. Cantos das torcidas organizadas. Gritos vindo lá de fora. Lá pro meio-dia o som dos carros era o forró. Bombinhas. Pras duas da tarde vieram os funk's paulistas. Provocação à clubes rivais. Depois voltaram a colocar músicas de organizadas. Parecia um estádio. Uma praça do time. Um lugar próprio para a comemoração. E eu só fui mesmo dormir de noite. Perdi um domingo na cama. Um domingo dentro de casa. Por culpa do Corinthians.

Mas fazer o que, a festa é valida. Comemorar o título de seu time é muito bom. E o título, pelo que me parece, foi merecido. Parabéns ao time Corinthians Paulista. Parabéns pela torcida que sabe fazer festa. Dessa história ficou uma lição. Não virar a noite na véspera da final de um campeonato deste porte. A não ser que seja com meu time do coração, pra festejar também.
Ah... E se beber, não solte rojões! rs
domingo, 9 de dezembro de 2012
Brasileirão 2012
Nesse domingo sem futebol nenhum pela tv e nem pelos campinhos daqui, me veio a ideia de escrever sobre o Brasileirão deste ano. Desta vez somente uma breve análise. Vamos lá!
São 10 anos de pontos corridos. O que gera aquela eterna discussão sobre qual modelo de campeonato é melhor. É claro que em emoção os campeonatos de mata-mata dão um banho no Brasileiro atual. Porém, o argumento para mantê-lo assim é de que a disputa é por um todo bem mais justa. O que é verdade. Ganha o time mais completo, com o melhor elenco, que teve a melhor REGULARIDADE no campeonato inteirinho. Assim tendo em vista de que a Copa do Brasil, os Estaduais, a Sul-Americana e a Libertadores da América têm suas fases finais disputadas por mata-mata, logo seria justo tentar equilibrar a balança com um campeonato mais consistente e longo por pontos corridos: o Brasileirão.
Vimos ao longo dos anos por pontos corridos que o Campeonato Brasileiro é bem disputado. Mas é evidente a diferença do nível do futebol apresentado entre os clubes que o disputam. São 20 clubes (um número razoável), porém com uns 4 ou 5 com elenco para brigar pelo título. Neste ano por exemplo; apenas o Fluminense, o Atlético-MG, o Grêmio e talvez o Corinthians ou o São Paulo tinham time para conquistar uma taça. O resto dos times se contentou em apenas disputarem os jogos entre si, sem maiores objetivos. Um time grande, tem de sempre se manter entre os que brigam pelo título. Do outro lado vimos uma boa disputa para não serem rebaixados à Série B, talvez a maior disputa do campeonato. Caíram as piores campanhas, os piores grupos.
Aponto a equipe do Fluminense e a do Atlético-MG como destaques do ano (e que protagonizaram um belíssimo jogo na 32ª rodada). A primeira pela sua reta final. E a segunda pelo desempenho louvável no início da temporada. O clube do Náutico jogou muito bem os dois turnos, e contrariou quem apostava numa possível queda do Timbu. A Ponte Preta também surpreendeu, e apresentou um time bem entrosado e com um certo grau de habilidade. A Portuguesa mostrou raça ao alcançar o objetivo de permanecer na elite, algo digno de aplausos com o elenco atual da Lusa. Negativamente temos o Flamengo e o Cruzeiro que têm jogadores medianos/bons, entretanto não foram capaz de conseguirem resultados expressivos. E o Palmeiras, que não era esperado seu rebaixamento no início, mas ao longo da disputa a qualidade decaiu e o time não rendeu o que a torcida esperava. O elenco também não era dos melhores. A arbitragem, como sempre, cometeu diversas falhas graves; em inúmeros jogos. Pode até ter interferido em alguns pontinhos, mas no resultado geral acredito que não.

Como jogador, Neymar (Santos) confirma que é o melhor em atuação no Brasil. Lucas (São Paulo) aperfeiçoa seu talento. Fred (Fluminense) mostra que com a idade, seu faro de artilheiro só cresceu. O garoto Bernard (Atlético-MG) foi o meu destaque deste ano. E Ronaldinho Gaúcho (Flamengo/Atlético-MG) deu a volta por cima na temporada, e encerrou o ano jogando muito. Como técnico o estilo de Abel Braga (Fluminense) pareceu ser o mais satisfatório, porém sem grandes elogios. No gol também não houve muito destaque. Apenas o garoto Paulo Victor (Flamengo) aparecendo bem em alguns jogos. E o veterano Dida (Portuguesa) voltando no mais alto nível.
Segue a classificação do Brasileirão no 1º turno:
1º ATLÉTICO/MG - 43 p
2º FLUMINENSE - 42 p
3º GRÊMIO - 37 p
4º VASCO - 35 p
5º SÃO PAULO - 31 p
6º INTERNACIONAL - 31 p
7º FLAMENGO - 29 p
8º BOTAFOGO - 28 p
9º CRUZEIRO - 28 p
10º SANTOS - 26 p
11º NÁUTICO - 24 p
12º CORINTHIANS - 24 p
13º PONTE PRETA - 23 p
14º PORTUGUESA - 22 p
15º CORITIBA - 19 p
16º BAHIA - 17 p
17º PALMEIRAS - 16 p
18º ATLÉTICO/GO - 16 p
19º SPORT - 15 p
20º FIGUEIRENSE - 14 p
E a classificação final, após o 2º turno:
1º FLUMINENSE - 77 p
2º ATLÉTICO/MG - 72 p
3º GRÊMIO - 71 p
4º SÃO PAULO - 66 p
5º VASCO - 58 p
6º CORINTHIANS - 57 p
7º BOTAFOGO - 55 p
8º SANTOS - 53 p
9º CRUZEIRO - 53 p
10º INTERNACIONAL - 52 p
11º FLAMENGO - 50 p
12º NÁUTICO - 49 p
13º CORITIBA - 48 p
14º PONTE PRETA - 48 p
15º BAHIA - 47 p
16º PORTUGUESA - 45 p
17º SPORT - 41 p
18º PALMEIRAS - 34 p
19º ATLÉTICO/GO - 30 p
20º FIGUEIRENSE - 30 p
Agora é esperar o troca-troca do mercado da bola. Quem vem, quem vai, quem volta, quem pára, quem surge e quem desaparece. A maioria dos times precisam reformular seus elencos para 2013. Um campeonato só será bem disputado se praticamente todas elas investirem a grana que faturaram. Vem aí Goiás, Criciúma, Vitória e Atlético-PR. A briga em baixo vai ser boa. Em cima, me parece que será melhor do que este ano. Afinal a Copa do Mundo ta quase aí.

O saldo deste ano parece ser bom. Um campeonato um pouco mais desigual, mas com um registro de bom público nos estádios. E o importante é isso. O torcedor estar lá para apoiar seu time sempre quando der, independente se valer ou não uma conquista.
Ahhhhh... já ia me esquecendo! PARABÉNS AO CAMPEONÍSSIMO FLUMINENSE!!!
Ahhhhh... já ia me esquecendo! PARABÉNS AO CAMPEONÍSSIMO FLUMINENSE!!!
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Uma Noite em 67
Sempre escutei comentários a respeito sobre este show, porém não sabia o que havia acontecido exatamente naquela noite. Aí esses dias, por viajar dentre as obras de Chico Buarque espalhadas youtube á fora, não é que encontro um documentário (muito bem) feito sobre o tal III Festival de Música Popular Brasileira? Sensacional! Não o documentário em si, mas o que aquela noite representava na música nacional da época; e representa ainda hoje para quem a aprecia.
Evento realizado pela TV Record, a grande final do festival ocorreu no Teatro Paramount, dia 21 de outubro de 1967, e em pleno regime militar. A esperança de maior liberdade se alimentava na alma da nova geração da música nacional. Surgiam novas misturas musicais, novos ritmos. Havia uma certa retomada a própria cultura nacional. Como contraponto a ditadura militar alguns músicos rejeitam o que vem de fora. Outros se inspiram no sucesso do rock mundial da banda The Beatles. Este era o cenário em que a televisão promovia grandes festivais de música, tendo o de 1967 como o maior deles.
Tamanha grandiosidade para um programa de televisão se deu pelo nível dos concorrentes. Na finalíssima participavam 12 obras inéditas com seus respectivos intérpretes, tendo maior destaque para as cinco primeiras colocadas. Havia uma platéia repleta de jovens que vaiam e aplaudem com muita intensidade. Uma das vítimas da tal platéia foi Sérgio Ricardo, com a canção "Beto Bom de Bola". A canção teria sofrido mudanças em seu arranjo, e ao anunciarem isso, foi recebida por vaias que a acompanharam até o fim. Não conseguindo prosseguir com sua apresentação Sérgio desiste de cantá-la, e em resposta a sonora vaia do público ele quebra seu violão no palco, e o lança em direção ao público. Tudo isso ao vivo em rede nacional. Logicamente que depois do acontecimento, a organização desclassificou Sérgio Ricardo do festival. E a cena do cantor sendo vaiado é relembrada até hoje na internet.
Agora falando sobre as cinco canções que mais bem se classificaram nesta final, e que nos dias de hoje são bem conhecidas da população brasileira em geral: o quinto lugar da disputa ficou Roberto Carlos, com "Maria, Carnaval e Cinzas". Vindo da Jovem Guarda para cantar um samba, Roberto também sofreu vaias do público do teatro; porém sua apresentação terminou com calorosos aplausos. Caetano Veloso com sua conhecida "Alegria, Alegria" interpretou de linda forma a música ao lado dos argentinos do grupo Beat Boys. As vaias também marcaram a apresentação de Caetano, que ao final da mesma foi ovacionado pelo público ficando no quarto lugar. O terceiro colocado foi Chico Buarque que interpretou "Roda Viva" ao lado do grupo MPB-4; desta vez sem vaias, mas sim sob gritinhos de "lindo" no início e também ovacionado posteriormente. A canção é bem conhecida, e veio à publico numa época muito propícia para o que é abordado em sua letra. A música vice-campeã do festival foi "Domingo no Parque" cantada por Gilberto Gil, juntamente com os jovens d'Os Mutantes, e mesclava um rock com uma levada de capoeira muito bonita. A canção simples, e ao mesmo tempo belíssima foi bem recebida pelo público e pelo juri do concurso. E por fim a nacionalmente conhecida "Ponteio" foi a grande escolhida pelos jurados para receber o prêmio do festival de música. O público pareceu concordar com a canção vencedora, gritando a todo momento para Edu Lobo e cia. A obra realmente era muito bem construída para o festival, com um belo arranjo musical, e teve todos os méritos da disputa.
Foi o ápice da música nas telinhas. Após este festival vieram alguns outros, cada vez menores e cada vez menos expressivos. A televisão deixou a música como protagonista para dar lugar a novelas e jogos de futebol no centro de sua programação. Os bons músicos e compositores se distanciaram da televisão. Hoje dificilmente vê-se programas de música na tv aberta brasileira. Concurso musicais então, nem pensar. Quando há são disputados por artistas que voltaram ao anonimato, ou por pessoas sem o mínimo talento para a música. E quase nunca essas canções são inéditas. Fora os tais reality shows em que buscam encontrar novos intérpretes pelo Brasil. Acho que a televisão deixou um pouco a música de lado, e perdeu muito com isso. Uma ferramenta de entretenimento que nunca foi inteligente, só teve prejuízo ao abandonar essa forma de cultura tão querida pelas pessoas. Uma pena, pois ao caminharem juntas elas só têm a se complementarem, e consequentemente alçarem maiores vôos.
A música (eu digo a de qualidade) porém não sentiu tanto essa perda. Ela sobrevivia muito bem, obrigado, sem a televisão e, até mesmo sem o rádio. São formas de divulgação de trabalho, muito importante é verdade, mas que entretanto não interferem na qualidade das obras musicais compostas independentemente da mídia. Atualmente surge música de qualidade em toda parte do Brasil. A mídia no entanto não nos mostra por inteiro o que ocorre no cenário musical nacional. E nem a indústria fonográfica. Resta então encontrar a nova geração da música deste país pelo bom e velho "boca a boca", ou através da internet. Se não encontrar, voltemos ao pretérito. Recordar algo que você já conhece e sabe que é interessante ouvir, nunca será regredir.
Evento realizado pela TV Record, a grande final do festival ocorreu no Teatro Paramount, dia 21 de outubro de 1967, e em pleno regime militar. A esperança de maior liberdade se alimentava na alma da nova geração da música nacional. Surgiam novas misturas musicais, novos ritmos. Havia uma certa retomada a própria cultura nacional. Como contraponto a ditadura militar alguns músicos rejeitam o que vem de fora. Outros se inspiram no sucesso do rock mundial da banda The Beatles. Este era o cenário em que a televisão promovia grandes festivais de música, tendo o de 1967 como o maior deles.

Tamanha grandiosidade para um programa de televisão se deu pelo nível dos concorrentes. Na finalíssima participavam 12 obras inéditas com seus respectivos intérpretes, tendo maior destaque para as cinco primeiras colocadas. Havia uma platéia repleta de jovens que vaiam e aplaudem com muita intensidade. Uma das vítimas da tal platéia foi Sérgio Ricardo, com a canção "Beto Bom de Bola". A canção teria sofrido mudanças em seu arranjo, e ao anunciarem isso, foi recebida por vaias que a acompanharam até o fim. Não conseguindo prosseguir com sua apresentação Sérgio desiste de cantá-la, e em resposta a sonora vaia do público ele quebra seu violão no palco, e o lança em direção ao público. Tudo isso ao vivo em rede nacional. Logicamente que depois do acontecimento, a organização desclassificou Sérgio Ricardo do festival. E a cena do cantor sendo vaiado é relembrada até hoje na internet.

Agora falando sobre as cinco canções que mais bem se classificaram nesta final, e que nos dias de hoje são bem conhecidas da população brasileira em geral: o quinto lugar da disputa ficou Roberto Carlos, com "Maria, Carnaval e Cinzas". Vindo da Jovem Guarda para cantar um samba, Roberto também sofreu vaias do público do teatro; porém sua apresentação terminou com calorosos aplausos. Caetano Veloso com sua conhecida "Alegria, Alegria" interpretou de linda forma a música ao lado dos argentinos do grupo Beat Boys. As vaias também marcaram a apresentação de Caetano, que ao final da mesma foi ovacionado pelo público ficando no quarto lugar. O terceiro colocado foi Chico Buarque que interpretou "Roda Viva" ao lado do grupo MPB-4; desta vez sem vaias, mas sim sob gritinhos de "lindo" no início e também ovacionado posteriormente. A canção é bem conhecida, e veio à publico numa época muito propícia para o que é abordado em sua letra. A música vice-campeã do festival foi "Domingo no Parque" cantada por Gilberto Gil, juntamente com os jovens d'Os Mutantes, e mesclava um rock com uma levada de capoeira muito bonita. A canção simples, e ao mesmo tempo belíssima foi bem recebida pelo público e pelo juri do concurso. E por fim a nacionalmente conhecida "Ponteio" foi a grande escolhida pelos jurados para receber o prêmio do festival de música. O público pareceu concordar com a canção vencedora, gritando a todo momento para Edu Lobo e cia. A obra realmente era muito bem construída para o festival, com um belo arranjo musical, e teve todos os méritos da disputa.
Segue o documentário que inspirou esta publicação:
A música (eu digo a de qualidade) porém não sentiu tanto essa perda. Ela sobrevivia muito bem, obrigado, sem a televisão e, até mesmo sem o rádio. São formas de divulgação de trabalho, muito importante é verdade, mas que entretanto não interferem na qualidade das obras musicais compostas independentemente da mídia. Atualmente surge música de qualidade em toda parte do Brasil. A mídia no entanto não nos mostra por inteiro o que ocorre no cenário musical nacional. E nem a indústria fonográfica. Resta então encontrar a nova geração da música deste país pelo bom e velho "boca a boca", ou através da internet. Se não encontrar, voltemos ao pretérito. Recordar algo que você já conhece e sabe que é interessante ouvir, nunca será regredir.
Fica aqui o registro final do post com a grande composição vencedora do concurso de 67 (numa versão com Zizi Possi em 92) provando que o festival deixou um legado admirável:
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Fórmula 1 - Temporada 2012
Com cerca de uma semaninha de atraso, eis que estou aqui novamente, desta vez para dissertar sobre a temporada da Fórmula 1 que se encerrou no último dia 25. A última corrida do ano, como tradicionalmente vinha acontecendo também nos últimos anos, foi no Brasil. E no Brasil, meu amigo, é sinônimo de emoção. Interlagos é a maior prova disso. Nada melhor do que findar uma temporada tão diversa e acirrada aqui mesmo. A festa foi muito bonita.
Mas para que a festa de encerramento ocorra tem que haver um início, certo? E o início da temporada foi daqueles... Das sete primeiras corridas do ano, foram sete ganhadores distintos. Havia ainda uma grande dúvida sobre quem poderia disputar o título no ano, não tinham pilotos favoritos. Tinham carros favoritos. Talvez a Ferrari, ou uma McLaren, ou então então a Red Bull quem sabe. E ainda havia quem corresse por fora. A dúvida estava no ar, porém a certeza que se tinha é que a primeira parte da temporada foi mesmo de arrepiar quem gosta do esporte.
Depois, nas outras seis corridas seguintes ainda houve uma inconstância nos vencedores, porém as equipes já despontavam em anunciar quem iria brigar pelo título, e eram exatamente as 3 equipes citadas acima. A partir de então, quem estivesse correndo melhor e alcançando melhores resultados seria favorecido naturalmente pelas escuderias. Foi então que se obteve como favoritos a temporada 2012 os nomes de Alonso, Vettel e Hamilton. São 3 grandes pilotos, que foram campeões recentemente e que, provavelmente o título do ano ficaria nas mãos de um deles. A briga permanecia dura.
Por fim nos últimos sete Grandes Prêmios restantes pode-se realmente ver quem iria levar essa taça. Incrivelmente o alemão Sebastian Vettel faturou 4 das 7 corridas, e ficando no pódio em 6. Era um salto para a vitória da temporada. Prestes a disputarem a última corrida do ano, Vettel era o grande favorito. O terceiro campeonato consecutivo estava a caminho. Hamilton havia ficado um pouco para trás. Alonso era o único a poder alcançá-lo. Mas era quase impossível, dependeria do erro do próprio alemão ou da sorte lançada para o GP. Essa sorte (ou erro) quase ocorreu. No início da corrida de Interlagos Vettel rodou, porém manteve-se na pista. E numa disputa emocionante com todo chove ou não chove que se tem direito, ele sagrou-se o campeão de 2012, com todos os méritos.
Foi sim uma belíssima temporada. Vettel correu mais do que todos, e por isso mereceu de fato o feito. Destaque também para Alonso, que alcançou resultados inesperados por muitos. Raikkonen em sua volta ás pistas também foi surpreendente, e é boa aposta para o próximo ano. Como novidade surgiram aí Maldonado, Pérez e Kobayashi. E como despedida de um dos maiores nomes de toda a Fórmula 1; provavelmente Michael Schumacher dará adeus (desta vez para sempre) à categoria.
Voltei a acompanhar as corridas num ano em que houve um grandíssimo número de ultrapassagens, e alguns acidentes (praticamente nenhum grave). A modalidade se mostrou bonita de se ver. Pena que não temos brasileiros a nível de brigar pelo título. Pena também que para deixar de assisti-la da televisão é preciso dinheiro semelhante a quem trabalha nas equipes de alto nível. Enquanto isso temos que aguentar o velho narrador da tv aberta.

Mas para que a festa de encerramento ocorra tem que haver um início, certo? E o início da temporada foi daqueles... Das sete primeiras corridas do ano, foram sete ganhadores distintos. Havia ainda uma grande dúvida sobre quem poderia disputar o título no ano, não tinham pilotos favoritos. Tinham carros favoritos. Talvez a Ferrari, ou uma McLaren, ou então então a Red Bull quem sabe. E ainda havia quem corresse por fora. A dúvida estava no ar, porém a certeza que se tinha é que a primeira parte da temporada foi mesmo de arrepiar quem gosta do esporte.
Depois, nas outras seis corridas seguintes ainda houve uma inconstância nos vencedores, porém as equipes já despontavam em anunciar quem iria brigar pelo título, e eram exatamente as 3 equipes citadas acima. A partir de então, quem estivesse correndo melhor e alcançando melhores resultados seria favorecido naturalmente pelas escuderias. Foi então que se obteve como favoritos a temporada 2012 os nomes de Alonso, Vettel e Hamilton. São 3 grandes pilotos, que foram campeões recentemente e que, provavelmente o título do ano ficaria nas mãos de um deles. A briga permanecia dura.
Por fim nos últimos sete Grandes Prêmios restantes pode-se realmente ver quem iria levar essa taça. Incrivelmente o alemão Sebastian Vettel faturou 4 das 7 corridas, e ficando no pódio em 6. Era um salto para a vitória da temporada. Prestes a disputarem a última corrida do ano, Vettel era o grande favorito. O terceiro campeonato consecutivo estava a caminho. Hamilton havia ficado um pouco para trás. Alonso era o único a poder alcançá-lo. Mas era quase impossível, dependeria do erro do próprio alemão ou da sorte lançada para o GP. Essa sorte (ou erro) quase ocorreu. No início da corrida de Interlagos Vettel rodou, porém manteve-se na pista. E numa disputa emocionante com todo chove ou não chove que se tem direito, ele sagrou-se o campeão de 2012, com todos os méritos.

Foi sim uma belíssima temporada. Vettel correu mais do que todos, e por isso mereceu de fato o feito. Destaque também para Alonso, que alcançou resultados inesperados por muitos. Raikkonen em sua volta ás pistas também foi surpreendente, e é boa aposta para o próximo ano. Como novidade surgiram aí Maldonado, Pérez e Kobayashi. E como despedida de um dos maiores nomes de toda a Fórmula 1; provavelmente Michael Schumacher dará adeus (desta vez para sempre) à categoria.
Voltei a acompanhar as corridas num ano em que houve um grandíssimo número de ultrapassagens, e alguns acidentes (praticamente nenhum grave). A modalidade se mostrou bonita de se ver. Pena que não temos brasileiros a nível de brigar pelo título. Pena também que para deixar de assisti-la da televisão é preciso dinheiro semelhante a quem trabalha nas equipes de alto nível. Enquanto isso temos que aguentar o velho narrador da tv aberta.
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