Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa das Copas

Sim, o país é carente de serviço público de qualidade e obras sociais. Sim, estamos muito longe de alcançar uma igualdade plena nos direitos entre os nossos cidadãos. E sim, o momento político atual clama por revolução. Porém, negar o sucesso organizacional de uma Copa do Mundo em nosso país é ignorância. Excluindo-se os desastrosos acidentes na construção dos estádios e a desumana remoção de famílias das áreas de obras... E, claro, descontando a polícia violenta que está longe de possuir o preparo necessário para lidar com manifestante/jornalista, efetuando, inclusive, prisões sem fundamento... A Copa valeu.

Seria mesmo a Copa um evento necessário ao Brasil?

Não pelos lucros astronômicos que construtoras, canais de televisão, marcas de cerveja/refrigerante, a famigerada Fifa e diversas outras empresas tiveram. Mas pela festa. O Brasil esteve em evidência, e quem teve coragem e disposição pra cá conhecer, veio. E gostou. Conversei com diversos estrangeiros que enxergam um Brasil diferente do nosso. Alegre. Festeiro. Liberal em alguns momentos. Conservador em outros. Muito custoso nas despesas básicas, realmente. Mas também muito solidário em cada pessoa. Tive uma impressão excelente dos visitantes que recebemos. Tenho certeza que foi recíproco.

E quanto ao futebol... Ai o futebol, rs. O futebol rolou. Protagonista, o esporte mostrou seu alto nível. Vieram jogar em nossos gramados jogadores excepcionais. Únicos em suas equipes. Uns acabaram com a Copa mais cedo, como o estranho atacante Suarez. Outros, tiveram sua Copa encurtada, como o azarado Neymar. Seleções grandes e repletas de estrelas ficaram pra trás logo no começo, como: Espanha, Itália e Inglaterra. Merecidamente. Seleções sem nenhuma tradição fizeram bonito com a bola, como a Argélia, a Colômbia, os EUA, o Chile e, claro, a queridíssima Costa Rica! Merecidamente, tambien. Como no! Rolaram bons jogos. Dos que eu vi, cito: Alemanha x Gana; Brasil x Colômbia; Espanha x Holanda; Austrália x Holanda; Chile x Espanha; França x Suíça; Alemanha x Portugal; Uruguai x Itália; Itália x Inglaterra; Costa Rica x Uruguai; Costa Rica x Itália; Costa Rica x Holanda; Alemanha x Argélia; Argentina x Suíça... entre outros. Nem se compara com o nível de nossos campeonatos nacionais. Nem se compara mesmo! Dá até um certo dó prever quais os futuros jogadores que pisarão nestes gramados tão bem cuidados.


Vale do Anhangabaú, sendo palco de alegrias e decepções.

Já em relação ao Brasil, acho que fora um erro desde o começo. Talvez lá em 2007 com o Lula também fora cometido um erro. Mas o erro real, ocorreu desde a saída de Dunga do cargo de treinador. Mano não conseguiu administrar o elenco, que não é fraco. Felipão, às pressas, teve um sucesso consagrante logo no início de sua volta, com a Copa das Confederações, ano passado. Depois daquilo, não tinha como nem porque mudar. Estava dando certo. E parou de dar. O ataque não se acertou mais. A defesa até que começou a Copa bem... Mas as laterais e o meio campo nem pareciam os mesmos. O rendimento dos jogadores não caiu, despencou. O que falar daquele Fred que estava voando? Daquele Jô que entrava e anota um gol? Daquele Paulinho que defendia bem e atacava com precisão? Daquele Daniel Alves veloz que apoiava o ataque bem? Do xerifão Luiz Gustavo? Do Oscar que parecia encontrar seu futebol na seleção? Nada disso vingou nesse mundial. Não acredito que seja pressão, influência externa ou obra de um treinador ruim. Talvez uma Confederação de Futebol mais transparente ajudasse também. Acredito que o momento passou, e que o treinador não foi capaz nem de dar continuidade ao título de 2013, nem de propor mudanças na forma de jogar. Felipão insistiu naquilo. E naquilo fez uma Copa ruim. Ganhou de uma Croácia de virada e com a ajuda do juizão japonês. Empatou com o México numa partida travada. Goleou a fraca seleção de Camarões, é verdade, mas levou um gol bobo também. Contra o Chi-Chi-Chi-Le-le-le, sofreu, quase sendo eliminado na prorrogação e tendo em Julio César a redenção. Com a Colômbia, fez sua melhor partida. Não menos disputada. Nem um show de futebol arte. Um jogo duro, que o Brasil mostrou merecer a vitória, mas viu o craque do grupo ir embora de maca. Aí nas semi-finais... Desabou toda estrutura do time, que fez a pior partida que eu já tinha visto de uma seleção brasileira. Uma tática ineficaz, se aliou a um despreparo técnico, que juntos ocasionaram um apagão futebolístico! Parecia a pelada aqui do bairro.

Minha escalação seria essa: Neuer (ALE) - Lahm (ALE)  - Hummels (ALE)  - Boateng (ALE)  - Blind (HOL) - Mascherano (ARG) - Schweinsteiger (ALE) - Kross (ALE) - Robben (HOL) - Messi (ARG) - Muller (ALE)

Alemães erguem a taça da Copa do Mundo, após vitória no Maracanã
Time da Alemanha, campeão do mundo em futebol e simpatia.

Ontem, eu perdi a final. Aliás, eu perdi vários jogos. Alguns eu perdi e fingi assistir pra comentar aqui... (hahahah, mentira!). Muitos, eu vi pela metade. Outros tantos eu acompanhei completamente bêbado. Alguns em casa, outros na casa de um amigos. Muitos nas ruas da Vila Madá, outros tantos na Fan Fest. Uns pelo rádio, outro pela televisãozinha da padoca... Ouvi comentários mil. De radialista dizendo que a Costa Rica não assustava ninguém naquele grupo, à uruguaio chapado querendo discutir aquela final de Libertadores em 2011. Escutei desde xingamentos inúteis para a presidente, à comentários inteligentes dos gringos sobre o futebol apresentado. Aliás, descobri que gringo entende mais de futebol do que brasileiro. Brasileiro gosta de festa, de beber, de comemorar a vitória. Os estrangeiros que eu vi faziam comentários mais fundamentados até que muito comentarista esportivo de emissora grande por aí. Ah, como é bom esse choque cultural.

Por fim, fica a sensação de festa encerrada. Não sei pra você, mas pra mim foi a Copa das Copas. Sem ter sequer chegado perto de uma arena sede dos jogos, eu vi uma Copa muito interessante. Sem ter o glamour das câmeras, eu assisti a alegria ser personagem principal de um jogo predominantemente limpo. Cerveja cara à parte, a confraternização é o principal elo entre tudo isso. Brasileiro, ou não; admirador de futebol, ou não; eu vi uma cidade vibrar, torcer junto ou contra, sem enxergar fronteiras. Valeu, São Paulo. Dei um tempo nos estudos, mas consegui me divertir. A Copa foi aqui. E foi muito bem.

Maracanã jogo final Copa do Mundo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
E quem torceu contra a Copa aqui, não foi feliz.

Agora é libertar quem foi preso indevidamente... E construir um país bem estruturado ao redor das Arenas. Sem terceirizar, por favor.

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