Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

domingo, 30 de agosto de 2015

Procrastinai-vos!

Certa vez me perguntaram o que significava o verbo "procrastinar". Palavra de pronúncia difícil, de sonoridade forte, recheada por 'erres'... Não me lembro agora se tentei explica-la ou se a conjuguei; mas pude consolidar minha tese antiga de que esse verbo é singelamente importante em minha vida.

Afinal, o que é procrastinar senão adiar uma brisa. Sim, uma brisa que tivera outrora, talvez um lapso, e as vezes até um afazer importante que ainda está por fazer; mas que agora, neste exato momento, você não pode desenvolve-la. Força maior, né?

As vezes sua mente simplesmente não tá sintonizada ao cronograma super-apertado de cada dia. As vezes seu corpo é que não tá na disposição de se entregar a tamanha atividade. Procrastinemos, então, porra. Sem medo! Deixemos para depois, prum domingo chuvoso, sei lá. Talvez essa brisa nem tenha sido tão relevante assim...

Mas se for, teremos, enfim, maior tempo pra ela. Pode-se amadurece-la nas divagações e projeções. E, convenhamos, se for um brisa boa, ela vai voltar, quem sabe em hora ainda mais propícia.

Quem sabe ela até volta em tempos de super-lua!

sábado, 8 de agosto de 2015

Fui dar um rolê... e voltei

Acho que porque andava exausto da lúgubre rotina hospital-farmácia-cama que se estabelecera no último mês, passei a refletir sobre cada rolê que não fui, que gostaria de ter ido, ou que até fui, mas que faltara algo. Sensação de perda, sabe? De que talvez ande aproveitando mal a vida. E foi aí que eu disse sim! A Jesus? Não, aos rolês...

Rolê, ou rolé: gíria paulista, ou carioca, com pinta de estrangeirismo francês, de pelo menos umas três décadas; a expressão, comum entre os jovens, tem grande abrangência no cotidiano das pessoas que habitam o ambiente urbano. Podendo significar uma locomoção de longa distância ou duração, um passeio a dois, uma saída entre amigos, uma viagem solitária e até mesmo a combinação entre eles.

No meu caso, adicionou-se ao contexto o adjetivo "noturno". Aceitei de tudo. Do tranquilo show do Ira! ao show lotado de Fernando & Sorocaba. De barzinho gourmet, cheio de boy, a uma volta descompromissada na praça Roosevelt, cheia de morador de rua. Dum puteiro fedorento a cheirosa apresentação dos Racionais MC's. E por aí foi... sem restrições ou preconceitos. Assim estou faz umas dez luas, muito belas por sinal. A cara era não ficar uma noite sem fazer nada, já que eu estava de merecidíssimas férias, diga-se de passagem, e um bocado de saúde.

Não sei se por distração ou por puro espírito de aventura, eu e tantos outros mortais urbanos lançam-se diariamente, com o perdão da redundância, aos rolês nossos de cada dia. Talvez queiramos apenas vivenciar novas histórias, porque ninguém aguenta mais ouvir as velhas. Ou conhecer novas pessoas, porque os antigos amigos também fizeram novas amizades. Ou até mesmo conhecer novos lugares, onde o que quer que aconteça já é novo aos nossos olhos. Enfim, a chance de florescer um sorriso que valha o deslocamento é grande e o flerte com o imprevisível dá ao rolê um charme de filme noir.


Essaí tocou num dos rolê...

Não que o rolê seja só um refúgio do rodo cotidiano, uma distração momentânea e vazia. Mais que isso. É também uma forma de diálogo e reflexão com a rua, com a cidade, com as pessoas que delas fazem parte ou que por elas passam. E por que não uma reflexão consigo mesmo? Pra quem se sente preso ao passar o dia em casa, um jet é liberdade. O pião é mais do que necessário pra lembrar que a gente tá vivão. Ou seja, rolê é vida!

E mesmo que o rolê não saia como o planejado, que seja aquele famoso rolê errado, terá, no mínimo, como se retirar um aprendizado dali, senão acompanhado de um bom causo pra contar. Rolê perdido é só se você quiser, meu amigo, mesmo que robem tua brisa. E, a não ser que tenhas um precioso motivo, não, não era melhor ter ficado em casa.


"sai invejoso, dá uma arruda aí pá mim!"

Parafraseando o Emicida, que aliás lançou outro disco classe A agora, "jamais volte pra sua quebrada de mãos e mente vazias".