Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Pa-ssou

E assim se foi outro ano. Outro ciclo. Outras boas histórias. Algumas ruins também. Mais experiência. Menos paciência. E um ensino médio que ficou pra trás.

Sim, bateu saudades agora! Abri o blog, comecei a escrever e as lembranças vieram...Várias! Desde lá dos ensaios técnicos, em Sampa, pro carnaval 2013; até as brejas tomadas em tudo quanto é canto de Pinda, agora em dezembro. Foi, sem dúvidas, um dos meus melhores anos em termos de amizade. No amor nem tanto. Nos estudos, ainda espero o resultado dos vestibulares prestados. 

Seja lá o que vier, valeu sim cada aula na escola, no cursinho. Esse ano eu aprendi a estudar "na marra". E vou levar tudo isso comigo. Cada aula perdida valeu também, que ninguém é de ferro, né? hahaha. Encerro, assim, o terceirão; e junto, minha passagem por Pindamonhangaba. Guardarei pra sempre tudo o que passei aqui, mas sinto que tá na hora de mudar, de viver outras fita. Não quero sumir, apenas respirar outros ares - mais poluídos, talvez. 



Vou lá começar outras histórias, mudar de cidade, vivenciar o que eu sempre senti falta. E eu prometo que conto como foi, tá? 


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O lado B de 2013

Em 2013, ao contrário de outros anos, eu não ouvi tanta música assim. Não baixei muitos discos. Muito menos os comprei. Ouvi muito mais o que eu tinha no "acervo" do cartão de memória/notebook. E as vezes aquela passadinha de leve no Youtube, ou pelos discos velhos do armário. Mesmo assim, afirmo que escutei muita coisa boa. Mas, infelizmente, o ano foi marcado pelo grande número de perdas na área da música nacional. Pelo menos pra mim. Se foram, em 2013, cantores e compositores de faixas que marcaram minha vida. E como o número de perdas foi bem grande, resolvi listá-las e relembrar suas músicas que ficarão eternizadas.

#1 Em pleno carnaval, no dia em que sua escola de samba entraria na avenida mais tarde, morreu o compositor Xixa. Além de ajudar a fundar a Leandro de Itaquera, Xixa; compositor de diversos sambas da escola, participa da autoria do samba que pra mim é um dos maiores da escola da Zona Leste: Vale Ouro, Meu Brasil, Minha Terra, Meu tesouro. A letra conta muito bem a história do ciclo do ouro no Brasil, num carnaval em que as escolas contavam todas a história de nosso país, que fazia 500 anos. Puxado por Eliana de Lima e sustentado pela Majestosa bateria, o samba carrega um melodia muito gostosa. Traz de volta os bons tempos da Leandro. O desfile de 2000 lhes rendeu um quinto lugar.

10 de fevereiro - Xixa

#2 Pegando todo mundo de surpresa, em março, vem a notícia da morte de Chorão. Vocalista do Charlie Brown Jr, ele e toda banda marcaram minha vida como os principais representantes da juventude de minha época. Charlie Brown fazia algo único, conquistar todo o público mais jovem. Desde a galera mais pobre, aos playboys. Dos funkeiros aos roqueiros. Geral! É a única unanimidade musical que eu conheci entre o pessoal da minha idade. Chorão tornou-se o símbolo disso. E com méritos, pois tinha uma interpretação muito boa e um talento para escrever melhor ainda. Ele era do rock, mas cantava reggae, curtia um samba e também mandava bem no rap. Era sincero em suas letras. E n'O Preço, essa sinceridade fica explícita. Pra mim, uma das maiores músicas da banda. E também a que não sai da memória.

06 de março - Chorão

#3 No mesmo mês em que morreu Chorão, falece também Emílio Santiago. "A melhor voz do Brasil" - sem precisar de nenhum reality show televisivo - imortalizou canções de diversos compositores brasileiros. Numa época de grandes cantores, Emílio fora talvez um dos últimos intérpretes marcantes na música nacional. Emprestou sua voz a clássicos da MPB, mas o negão se dava mesmo com o samba. Entre as músicas memoráveis interpretadas por ele, Saigon e Verdade Chinesa foram as que me marcaram muito. Espero agora explorar mais esse universo cantado por Santiago.

   20 de março - Emílio Santiago

#4 Outro cara que eu necessito explorar sua obra, é Paulo Vanzolini. Sambista também, compositor de primeira qualidade, paulista que se tornou símbolo do samba na cidade do trabalho. Famoso por seus sambas eruditos, Vanzolini nasceu e morreu em Sampa. Sua obra é a cara da cidade. Saiu há tempos um filme sobre ele. Ainda não vi, mas com certeza fará parte da lista de filmes que irei ver em 2014.

28 de abril - Paulo Vanzolini

#5 A morte no meio da música que chocou o país esse ano foi a do Mc Daleste, muito mais pela forma como ocorreu do que pelo que ele representava. Moleque da Zona Leste de Sampa, que cresceu em quebrada, junto ao crime e a violência; e escolheu o caminho do funk como trabalho. Começou cantando o que via, o que gostava. Como um cronista da favela. Por meio da batida eletrônica swingada do funk ele descreveu onde morava. Seu bairro. Sua cidade. Sua quebrada. E a dos outros também. Aos poucos, foi mudando. Passou a exaltar o luxo, o dinheiro e as mulheres. Passou a cantar o sonho de todo favelado. Passou pro funk ostentação. E no auge de sua carreira foi morto em cima do palco, de braços abertos, com o microfone na mão. Sem direito de defesa. Literalmente, morreu cantando. Na frente de seu público. Mas suas músicas, que há milianos chegavam até meu celular por bluetooth, ficarão pra sempre na minha memória como trilha sonora daqueles rolês de bike que não voltam mais.

   07 de julho - Mc Daleste

#6 No ano seguinte ao centenário de seu mestre, Gonzagão, Dominguinhos nos deixa. Símbolo da sanfona no Brasil, atualmente ele estava percorrendo o país com a série O Milagre de Santa Luzia, que conta histórias e depoimentos de sanfoneiros regionais. Figura sorridente, Dominguinhos espalhava acordes e alegrias através da música nordestina. Mais um da série dos que eu pretendo conhecer melhor a obra. Que é muito boa. É boa de mais.

23 de julho - Dominguinhos

#7 Nem seis meses após a morte de Chorão, e pouco tempo depois de remontar outra banda com os antigos companheiros de Charlie Brown, chamada A Banca; Champignon, antigo baixista que tinha assumido os vocais, também morreu. A banda Charlie Brown marcou minha vida desde pirralho até agora. Desde a época lá da Malhação até o Música Popular Caiçara. E Champignon era mais um integrante da banda unanimidade que se foi. Era mais um que não usava sapato. Era mais um.

 09 de setembro - Champignon

#8 Outro compositor de mão cheia que se foi. Outro sambista. Me marcou muito mais por um samba em especial do que por toda sua obra, que eu quase não conheço. Um dos autores de Andança, que Beth Carvalho eternizou em sua voz, Paulinho Tapajós e cia fizeram uma obra-prima. O samba tem letra e melodia singela, mas com uma profundidade sentimental enorme. Sem falar no contracanto do refrão que dá mais charme a canção. A música ainda carrega um ar de saudosismo. Simplesmente linda!

25 de outubro - Paulinho Tapajós

#9 Pra aumentar a lista de sambistas "lá no céu", Délcio Carvalho também acabou falecendo. Parceiro antigo de Dona Ivone de Lara, o rapaz que também era compositor nos deixou seu legado musical. Autor de músicas conhecidas, sendo a principal delas, pelo menos pra mim, Sonho Meu, imortalizado nas vozes de Maria Bethânia e Gal Costa. Trata-se de outro samba de amor, outro samba com ares antigos. Outro "samba que mexe o corpo da gente".

12 de novembro - Délcio Carvalho

#10 E por fim, já quase acabando o ano, vem a triste notícia sobre o padecimento de Reginaldo Rossi, o Rei do Brega. Num tempo em que a padronização musical é divagada por todo o país, Reginaldo era um sobrevivente de um estilo rítmico diferente; irreverente e bem-humorado. Me marcou por sua originalidade em suas letras; simples, porém bem elaboradas. Ícone nordestino, ficou imortalizado pelas mesas dos bares de todo o país. Uma canção que ultrapassou gerações, e vai seguir ultrapassando - enquanto houver corno no Brasil.

20 de dezembro - Reginaldo Rossi

E assim passou 2013... levando alegrias e deixando tristezas. Levando talentos; mas, com certeza, semeando outros mais que virão. 

Que 2014 não seja tão cruel com a música brasileira!




sábado, 28 de dezembro de 2013

Vergonhão 2013

O ano esportivo do Brasil, no geral, foi muito bom. Títulos importantes no mundial de vários esportes individuais associado a bons resultados obtidos pelos atletas brasileiros nos esportes olímpicos, alimentam um expectativa positiva em relação as Olimpíadas em 2016, realizada no Rio de Janeiro. Houve também emocionantes vitórias nos tradicionais esportes coletivos como o voleibol, o futebol de areia e o futsal. A grande surpresa veio no fim do ano com a belíssima campanha das meninas do handebol no campeonato mundial, em que foram campeãs invictas na Sérvia - e batendo as donas da casa numa final equilibradíssima, entrando pra história do esporte nacional. A decepção ficou por conta dos caras do basquete.

Meninas do Handebol fazem a festa em quadra

Mãaaaaaaaaaas, quando se fala em esporte no Brasil, rapidamente vem a cabeça da população um esporte em especial: futebol. No dito o país do futebol, o ano tenderia a ser muito bom também. Já que nossa seleção ganhou a Copa das Confederações de forma extraordinária, derrotando na final a tão temida seleção espanhola. E que na Taça Libertadores da América o time do Atlético Mineiro mostrou técnica (e muita sorte também) ao vencer de forma dramática jogo a jogo, deixando sempre para os minutos finais as maiores emoções.

No entanto, o belo ano esportivo do Brasil como um todo foi manchado no final dele. Não dentro de quadra, de campo ou de pistas. Não. Foi manchado dentro de um tribunal. Outra vez. O fatídico Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que juntamente com a lastimável Confederação Brasileira de Futebol (CBF), conseguiram rebaixar um time que jogou o campeonato brasileiro suficientemente bem para não ser rebaixado à série B, e que porém irá disputá-la em 2014. E, no lugar desse time que fez campanha para ficar na primeira divisão, salvou um clube que não mereceu - devido a sua classificação ruim na tabela final - permanecer na elite do futebol brasileiro.

Torcedores da Portuguesa mostram sua indignação

O time que caiu mas não deveria é a Portuguesa (sim, sempre a Portuguesa!). E o time que caiu, mas ficou é o Fluminense (sim, o FluminenCe... rs). A Lusa, na última rodada, já praticamente sem chances de ser rebaixada, utilizou um jogador - por cerca de 10/15 minutos apenas - que estaria impedido de jogar. O jogador teria tomado uma suspensão, e não deveria estar em campo, mas por erro de comunicação (sabe-se lá de quem) acabou participando de um jogo que nada valia. Estranho, não? Mais estranho ainda é punir com o rebaixamento um clube por uma bobagem como essa que nem ao menos interferiu no resultado do jogo, quanto mais do campeonato. Um julgamento totalmente desproporcional que, claro, gerou polêmica.

Enfim, o que fica de toda essa história é que o cenário nacional de futebol necessita urgentemente de mudanças. Dos outros esportes não sei, provavelmente precisem também; mas o futebol (talvez por ser o esporte do povo e da mídia) é o que fica mais evidente. Novos ares foram dados a CBF recentemente, mas que na prática pouco se alterou. Cria-se, há tempos, uma espécie de máfia do futebol, conservadora, que não toma medidas que deveriam ser tomadas. Quem acompanha o futebol sabe, e também torna-se cético quanto às mudanças. O Campeonato Brasileiro em pontos corridos é um dos pontos que precisa ser revisto, por exemplo. Extenso, torna-se chato, com uma quantidade desnecessária de jogos; uma espécie de cópia ao modelo europeu, que talvez por interesse de empresários que lucram com isso, não muda. Agora então, a Copa do Brasil também fora "engordada"; absurdamente os clubes que disputaram a Libertadores puderam entrar nela também. Isso a desvaloriza. Sem contar os campeonatos estaduais que vem sendo minimizados a pré-temporadas, tendo sua relevância minimizada pelos dirigentes dos clubes. A lista é enorme! Assim, descontentes também, sem direito a férias ou descanso, os jogadores se uniram por melhores condições e fundaram o Bom Senso FC. Longe deles serem o ideal para a mudança que tem de ocorrer no esporte nacional, mas é um indicativo extremamente forte de que "do jeito que a coisa tá, num pode ficá".

Quem perde com tudo isso é, sobretudo, o público esportivo; que cada vez mais vai se afastando de uma paixão por descordar (e desconfiar) do que ocorre na parte interna. É o meu caso. Infelizmente.

E olha que eu nem falei da FIFA, hein? rs