Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

D'O Narcotráfico ao Crack

Sempre que vou a São Paulo, e consequentemente pego o metrô, deparo com máquinas de livros nas estações. Achei bem curioso da primeira vez que eu vi uma. Funciona assim: voce coloca uma nota qualquer, a maquina aceita e aí é só escolher o número do livro que irá retirar. Da primeira vez que eu vi, estava só com 20 R$ em nota, sem trocado. Deixei pra outra ocasião. Até que um dia, voltando pela estação República, passei novamente por uma destas máquinas, parei e procurei alguma nota mais baixa. Achei uma de 2 R$ na carteira e já coloquei. Nem tinha visto os livros antes. Me frustrei ao ver em sua maioria livros de culinária, ou auto-ajuda. Até que lá embaixo, na ultima fileira, estava uma edição da Folha com um jornalista dissertando sobre o narcotráfico. Era esse mêmo!

Li o livro durante as férias, e já tinha uma certa opinião formada sobre o assunto em questão. Ele narra boas histórias, e contém dados precisos sobre o impacto que as drogas causam aqui no Brasil e no mundo. O único porém, é a edição ser de quase 13 anos atrás. Provavelmente as estatísticas relacionadas ao narcotráfico no Brasil  já cresceram bastante. Aí fica uma ideia ao jornalista Mário Magalhães, ou a própria Folha, de se fazer uma segunda edição deste livro.


No dia em que acabei de ler por completo, iniciou-se em São Paulo, mas precisamente na região da "Cracolândia" uma internação compulsória sobre os viciados do local. O que mostra que o tema do livro não poderia ser mais atual, mesmo sendo escrito no início a década passada. Acho que o Governo está avançando nas medidas que se referem às drogas. Demorou bastante para o Estado notar que cabe a ele a responsabilidade de não deixar que pessoas percam suas vidas por causa da forte química presente em drogas pesadas como o crack. Lembro que ano passado houve uma tentativa (muito) mal pensada em colocar a Polícia Militar para abordar os viciados. A situação do local só piorou com essa iniciativa. A PM não tem dado conta nem dos crimes, e até mesmo dos traficantes que circundam a área; e seria deslocada para este serviço sem o menor preparo? Apesar de não adimitir o erro, o governador Alckmin parece ter reconhecido a operação precipitada um tempo depois.

O viciado em crack não teme a polícia. Ele só pensa na droga. Caberia ao Governo encontrar medidas de convencer este usuário a largar o vício, para aí sim ser internado. É uma iniciativa bem complicada. Envolve um trabalho de abordagem pacífica e sem a menor violência dos responsáveis, conversando com um por um dos viciados. Muitos dos usuários com certeza rejeitarão a internação. No entanto não há como se resolver este problema em curto prazo. Essas pessoas não são entulho para ocorrer uma limpeza na região. Sei que é delicado, mas me parece ser a medida mais correta a tomar.

Mesmo com esse caos em alguns dos hospitais públicos, e a falta de leitos; seria necessário a construção de clínicas de reabilitação (não de estádio para clube de futebol) e uma grande oferta de vagas para quem precisa se livrar da droga. Entretanto além do dinheiro, o ponto mais frágil deste assunto seria a própria vontade do usuário de se reabilitar. Quem o abordasse teria de mostrá-lo que o melhor caminho para se recomeçar a vida seria se livrando das drogas. E isso exige paciência, e também muito conhecimento psicológico. A operação só vingaria se os profissionais escalados para a tarefa fossem bem treinados e capacitados o sulficiente.

A verba gasta com progamas que envolvem as drogas, retona multiplicada quando o ex-usuário volta a trabalhar, pagar seus impostos, consumir produtos, geral capital para o país. É triste passar pelas ruas da Luz durante o dia. E assustador durante a noite. E o bairro é muito bonito. Uma pena!


O crack é sim um problema público. Afeta a todos. É uma droga diferenciada das demais. Já vi bastante boas ideias por aí, que merecem no mínimo serem testadas. Mas são barradas pelo conservadorismo que impera sobre nosso Executivo. Como bom exemplo, temos a maconha aos usuários de crack. É uma ótima ideia! Os efeitos da cannabis sativa dão tudo o que o viciado precisa. A fome. A serenidade. E ainda o barato que a erva causa, infinitamente menos prejudicial do que o da pedra. Enfim, não sei se o Estado dá tanta importância assim a este problema.

A polícia entraria nessa iniciativa com a abordagem aos traficantes, sem o abuso de poder. Patrulhas estratégicas, em conjunto com a guarda municipal. Com o único foco voltado aos traficantes. E de preferência, sem corrupção.

Mas acho que nada disso seria necessário se a educação fosse de qualidade. Este é outro problema do país, e como quase todos os outros envolve a educação. Concientizar alunos sobre as consequência das drogas desde o ensino fundamental é importante. Isso eu já vejo em várias escolas, legal. Porém não é só isso. O aluno tem que ver, participar, interagir. Encarar o problema de frente. Conhecer um usuário reabilitado. Ouvir história. Ser preparado para a vida! A família em conversas por si só já pode ajudar muito também.

Agora nos resta aguardar pra ver no que dá essa internação compulsória em Sampa. Prevejo um impasse entre muitos usuários e agentes públicos. A grande maioria não quer sair dali, ainda mais à força. Continuo achando que na base da interação com o viciado o êxito será maior...

Primeiro o Governo precisa focar mesmo no combate ao crack. Depois sim no tráfico internacional de drogas... que aliás, é outro problema público que ainda rende uma bela discussão. Como é o ditado? "Arrumar primeiro a casa, depois o quintal."

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