Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

terça-feira, 21 de abril de 2015

Minha Vida de acordo com Emicida



Diretamente do facebook: ''Usando nomes de músicas apenas de um artista ou grupo, tente habilmente responder a essas perguntas. Você não pode usar a banda que eu usei.''  

Adaptações à parte...

- Tio, essa rima é minha vida!

Quem é você? Sabe... "Aí, sabe, eu sou daqueles caras esquisitos, com a barba por fazer. Que coleciona disco. Usa roupa velha. Vive sem dinheiro. E quando vem a pé cumprimenta o bairro inteiro. Não gosta muito de computador, mas tem que aprender a mexer seja como for..." 

Como se descreveria? "...ser soldado sem bandeira nenhuma, desconfiar dos dois lados sem temer coisa alguma, nasceu no meio da guerra então se acostuma."

Como se sente? "...não sou daqui, não me sinto parte integrante da obra. Eu me vejo como um estranho em um ninho de cobra. É foda. meu pensamento é mais podre que o que resta da feira. Escrevo. Gravo. Na esperança de que alguém os queira. Não vou sorrir só pra fazer uma social. Me tornar um verdadeiro falso pros falsos, isso é real."

Onde vive atualmente? "Um gado na churrasqueira, um sonzinho e mais nada. Tendeu? Tendeu, tiu? I Love Quebrada!"

Se pudesse ir a qualquer lugar, onde iria? "...beira de piscina, fia. Esteira e jornal do dia. Chinelo. Singelo. Lupa. Corro pro colo e vem pro pai. Upa! Ê, pra mim isso é viver. Sombra de palmeira, truta. Suco de fruta natural. Desfruta de um clima tropical e vem, amor. Olha, tem um ninho de beija-flor..."
  
Qual sua forma de transporte preferido? "...pra frente, vou com a paciência de quem junta latinha. Focado no que tenho, não no que vou ter ou tinha." 

Quem é sua melhor amiga? "...deixo a lua brilhar. Sigo sem rumo. Sem roda. Deixo o momento levar. Entre urbanóides insanos eu elevo meu ser. A rua é nóis. É nunca vai deixar de ser."

Você e seu melhor amigo são o que? "...não dá pra decifrar, é incerto. E eu fico tentando advinhar quem vai tá aqui na próxima semana. Gargalhando pra sufocar as agonias suburbanas."

Qual é o clima? "Num é só ver e julgar. Tem que colar. Tem que ser pra se misturar. Aí vai ver que é nóis..."

Se sua vida fosse um programa de TV, como seria chamado? Samba do Fim do Mundo: "Somos a contraindicação do carnaval. Nagô do tambor digital. Fênix da cinza de quarta. Total. O MST da rede social."

O que é vida para você:? "Ritmo doido, já nem percebo lugares. Só me sinto mais seguro ao reconhecer alguns olhares. Tá firmão, com os irmão. Suave. Sossegadão. Uma rima. Um salve."

Como é sua vida amorosa? "...preparei pra gente, ó. Deita no sofá. Vem cá. Não se sente só. Isso é ruim de encontrar. Vou querer pra sempre, ó"

Qual seu medo? "Gente sem visão. Sem amor. Com o olho do tamanho de um hambúrguer no progresso do trabalhador."

Qual é o melhor conselho que você tem a dar? "O povo tem que cobrar com os parabelo porque a justiça deles só vai em cima de quem usa chinelo e é vítima. Agressão de farda é legítima. Barracos no chão enquanto chove. Meus heróis também morreram de overdose. De violência. Sob coturnos de quem dita decência. Aí. Homens de farda são maus. Era do caos. Frio como halls. Engatilham e plaw. Carniceiros ganham prêmios na terra onde bebês respiram gás lacrimogênio." 

O quê gostaria de ter? "...meu exército marchando pelas ruas de terra pra tirar medalha dos canalha sem aura boa. E o triunfo memo pra nóis é o sorriso da coroa. Nóis quer mulher, sim. Quer um dim, também. Quer ver tudo os neguinho lá, vivendo bem." 

Qual seria o pensamento do dia?  "Pois quem é fica e ajuda a erguer outro carnaval. Mas quem não é antes da quarta já tá dizendo tchau..."

Qual seu lema? "Papel, caneta e coração..."

Qual seu sonho? "...um mundo pra gente fazer. Um mundo não acabado. Um mundo filho nosso, com a nossa cara..."  
Sou milionário do sonho!


- Que o galo já tá cantando de novo as seis da manhã...

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Um mês de jornalismo

Foi na primeira segunda-feira de março, na manhã seguinte a uma festa de integração do curso, que tive minha primeira aula de jornalismo. Talvez com um pouco de ressaca, entrei numa sala cheia, procurei uma cadeira vazia, ouvi um professor falar lá na frente, vi alguns alunos anotarem algo... quase igual ao (tão chato, mas que hoje dá saudadezinhas) ensino médio. Quase. Ao longo dos dias seguintes vi que a aula costuma passar mais depressa. Que os debates em sala não são delimitados por um professor mandão. Que os trabalhos exigem tempo, leitura e um trocado pra impressão. Que a bibliografia pedida é tão enorme que, nem se eu quisesse ler tudo e tivesse tempo disponível pra isso eu conseguiria.

Os colegas de curso, e de faculdade como um todo, são mais abertos. Mente aberta. Coração talvez. Acho que a maturidade traz isso. Não que os assuntos das conversas seja mais cult, longe disso até. Mas a forma de dialogar é diferente. Outra coisa expandida aqui é o universo cultural. A diversidade de movimentos políticos e sociais, festas, bandas tocando pelo campus, rodas de violão, rodas de capoeira, feirinhas, atividades esportivas ou culturais. Não é só uma galera alternativa. Mas uma grande alternativa pra galera que tem o mínimo de questionamento sobre a realidade em que vive, e a disposição de alterá-la.

Em quatro semanas de curso já fiz(emos): uma reportagem em vídeo sobre a dificuldade dos estudantes em adquirir bolsas, dois boletins esportivos na rádio sobre as rodadas do futebol brasileiro, uma boa conversa seguida de entrada ao vivo na Rádio Guarujá, uma entrevista com um diretor de teatro e que será transformada mais tarde numa notícia, algumas pautas aleatórias e até cheguei a trocar uma ideia com o Sombra, por telefone! Um jornalismo na prática. Muito diferente do que eu imaginava que seria nesses primeiros dias. Algo do tipo: ler e dissertar sobre dois livros por semana. Apesar de certa liberdade nas leituras, estou direto lá na Biblioteca pegando algo que me chame atenção. Sem relação com as aulas, porém curiosamente os dois melhores livros que li até agora foram escritos por jornalistas: "Cidade Partida - Zuenir Ventura" "De Pernas pro Ar - Eduardo Galeano". Ou seja, apesar de achar algumas aulinhas de Artes Gráficas e Foto um porre, cada vez me vejo mais dentro desse rótulo profissional. E menos no tal mercado de trabalho.