5 - Janeiro. Já no início do ano, falecera Nelson Ned, cantor que ganhou fama nos anos 70. Por ser baixinho e ter uma voz potente, Ned chamou atenção do público ao cantar, em sua maioria, músicas de amor. Quem é mais velho já deve ter dançado agarradinho alguma canção do rapaz. A mais famosa de todas, que ainda hoje é sucesso em barzinhos daqui do interior, e todo mundo conhece é Tudo Passará. Acredito que toque muito em Sampa também, porque tem uma galera numerosa que curte um brega na capital. A canção traz um ar melancólico de desilusão amorosa e ao mesmo tempo nostálgico por ter marcado época. Com certeza muita gente já chorou ouvindo esse refrão de melodia grudenta, hahaha. Um clássico, né?
8 - Maio. Seguindo na linha de marcar época, e mais ou menos nos tempos de Ned, Jair Rodrigues deixou seu nome na história da música popular brasileira. Num estilo diferente do samba convencional, Jair caía tanto prum lado mais swingado, quanto pro lado social. Mas não se limitava a gêneros musicais. Dizem até que o sambinha Deixa Isso Pra Lá, outro clássico da música nacional, foi uma espécie de primeiro RAP brasileiro, por ser bem mais falado do que cantado. Mas seu maior sucesso, gravado inúmeras vezes por cantores dos mais diversos estilos, também não é um samba. Disparada tocou no rádio, no festival da canção e no coração do Brasil levando uma mensagem de um sertanejo desesperançoso com a realidade dura. A letra é forte, além de ter uma das introduções mais famosas dentre os clássicos nacionais.
7 - Setembro. E pra fechar com samba, vou mais longe no tempo ainda. Conhecido desde os anos 40, Miltinho foi voz de obras irreverentes do autêntico samba cantado em rodas cariocas. Lançou no rádio importantes compositores de qualidade. Seu sorriso, seu bom-humor e seu célebre bigodinho - que um dia eu chego lá - são a marca do Rei do Ritmo. Mulher de Trinta, imortalizada em sua voz, tenta ganhar no papo uma mulher mais madura. Simples, o sambinha é envolvente e fácil de guardar. E Miltinho muito tem a ver com isso.
Não poderia também deixar de saudar Eduardo Coutinho e Roberto Bolaños, referências no audiovisual. O mexicano Bolaños pelo humor singelo e muito inteligente, sem recorrer a estereótipos sociais. Marcou gerações com seus seriados Chaves e Chapolin. O brasileiro Coutinho expôs sem hesitar a realidade de um país subdesenvolvido por meio de documentários. Meu xará, profissional da mídia, é simplesmente um dos maiores nomes do cinema nacional e deixa um legado importante a quem se interessa por boas histórias reais.
Que o ano que virá semana que vem seja menos rigoroso com a arte!