Cola cum Fróis

Escrevo pela necessidade de me livrar das palavras | @_dudufrois

sábado, 27 de dezembro de 2014

Três pássaros que se foram...

Longe de dar uma de grande imprensa com uma super-mega-foda-retrospectiva do ano, vim aqui apenas relembrar um pouco do que passou. Ou melhor, de quem passou. E não vai mais voltar. Reparei que, assim como o ano passado, 2014 levou consigo gente talentosa que me influenciou de alguma maneira. A lista, desta vez pequenina, é outra vez musical, embora o ano tenho sido bem mais cruel com os escritores. Até queria escrever sobre Rubem Alves, Ariano ou Garcia Marques. Mas ainda não li um só livro desses caras, então nem tenho muito o que dizer. Abaixo, segue um relato pessoal sobre cada um que se foi, deixando muita coisa boa pra se ouvir.

5 - Janeiro. Já no início do ano, falecera Nelson Ned, cantor que ganhou fama nos anos 70. Por ser baixinho e ter uma voz potente, Ned chamou atenção do público ao cantar, em sua maioria, músicas de amor. Quem é mais velho já deve ter dançado agarradinho alguma canção do rapaz. A mais famosa de todas, que ainda hoje é sucesso em barzinhos daqui do interior, e todo mundo conhece é Tudo Passará. Acredito que toque muito em Sampa também, porque tem uma galera numerosa que curte um brega na capital. A canção traz um ar melancólico de desilusão amorosa e ao mesmo tempo nostálgico por ter marcado época. Com certeza muita gente já chorou ouvindo esse refrão de melodia grudenta, hahaha. Um clássico, né?


8 - Maio. Seguindo na linha de marcar época, e mais ou menos nos tempos de Ned, Jair Rodrigues deixou seu nome na história da música popular brasileira. Num estilo diferente do samba convencional, Jair caía tanto prum lado mais swingado, quanto pro lado social. Mas não se limitava a gêneros musicais. Dizem até que o sambinha Deixa Isso Pra Lá, outro clássico da música nacional, foi uma espécie de primeiro RAP brasileiro, por ser bem mais falado do que cantado. Mas seu maior sucesso, gravado inúmeras vezes por cantores dos mais diversos estilos, também não é um samba. Disparada tocou no rádio, no festival da canção e no coração do Brasil levando uma mensagem de um sertanejo desesperançoso com a realidade dura. A letra é forte, além de ter uma das introduções mais famosas dentre os clássicos nacionais.



7 - Setembro. E pra fechar com samba, vou mais longe no tempo ainda. Conhecido desde os anos 40, Miltinho foi voz de obras irreverentes do autêntico samba cantado em rodas cariocas. Lançou no rádio importantes compositores de qualidade. Seu sorriso, seu bom-humor e seu célebre bigodinho - que um dia eu chego lá - são a marca do Rei do Ritmo. Mulher de Trinta, imortalizada em sua voz, tenta ganhar no papo uma mulher mais madura. Simples, o sambinha é envolvente e fácil de guardar. E Miltinho muito tem a ver com isso.



Não poderia também deixar de saudar Eduardo Coutinho e Roberto Bolaños, referências no audiovisual. O mexicano Bolaños pelo humor singelo e muito inteligente, sem recorrer a estereótipos sociais. Marcou gerações com seus seriados Chaves e Chapolin. O brasileiro Coutinho expôs sem hesitar a realidade de um país subdesenvolvido por meio de documentários. Meu xará, profissional da mídia, é simplesmente um dos maiores nomes do cinema nacional e deixa um legado importante a quem se interessa por boas histórias reais.

Que o ano que virá semana que vem seja menos rigoroso com a arte!


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Vortando...

E eis que, aos 45 do segundo tempo, eu retorno a este templo de palavras soltas sem nexo. Pique o chute do Thiago Ribeiro, naquele nosso último jogo, pra redenção suína, eu retorno a casa, sem marcação, pra marcar esse golzinho feio de pelada de quebrada antes que o ano acabe e os fogos de artifício, cheio de cores e efeitos no ar, decretem o final dessa partidinha.

E não foi jogo ruim não, rapá! Aaaaah, o do Santos x Vitória foi sim... Aliás, essa temporada foi dura, viu. Fiz a pré-temporada em Pindamonhangaba, me despedi e, logo no carnaval, me joguei pra Sampa. Matei aquela vontade de morar numa cidade grande, sair o fim de semana todo, conhecer gente nova, ter teatro e padoca na esquina da casa... É bem mais prático, claro. Mas é custoso. Nesse tempo em que fui só mais um cidadão paulistano tomei conhecimento do preço dum pão na chapa e um pingado. De umas cervejas geladas em eventos de rua, inclusive. Além de deixar por aquele solo de José de Anchieta meu celular, meu notebook e meus documentos. Porém, colhi muita coisa de lá também.

Aprendi a pegar busão. Louvei o app de celular que indica se ele tá vindo. Agradeci as faixas de ônibus diariamente. Senti falta da minha bike, muita falta. Não sei se dei azar, mas minhas linhas de ônibus pareciam as piores da cidade - ouviu 7725-10? Aprendi a estudar no busão. Valorizei meu tempo naquela cidade de sujeitos atrasados. Economizei um tanto d'água. Adquiri ainda mais raiva de toda a crew do Geraldinho. Me empolguei e depois me decepcionei com uma política mais "arejada". Conheci lugares fantásticos. Mais que isso. Conheci pessoas fantásticas. E por mais que eu passasse o resto de minha vida lá na capitar, isso numa otimista previsão longínqua, não conheceria os bons lugares e pessoas suficientes daquela selva de pedra. Sem contar a oportunidade que eu tive esse ano de conhecer lugares e pessoas pelo Rio e por Floripa.

Deixei, em 2014, pra trás, pessoas para rever, lugares para revisitar, uma quadra na Barra Funda pra voltar logo logo, um samba pra firmar e uns rolês que não esqueci que estou devendo, viu? Quero, e vou, dar continuidade a tudo isso, só que lá pro ano que ainda virá. Assim como, nesse restin de ano, tô revendo muita coisa boa aqui em Pinda. E ao mesmo tempo descobrindo minha cidade de outras formas. Desconstruindo uma visão que eu tinha ano passado. Ficar distante por um tempo é bom, que se há algum sentimento mais forte ele se aflora em meio a essa distância, e volta muito mais gostoso, mais valorizado.

Agora, ainda não quero morar aqui. Tal como na mesma época do ano passado, não sei pra onde vou. Quero me jogar pro mundão outra vez. Ir além de São Paulo, já que o Brasil é tão grande, né? Dilma, libera a verba, que pralguma federal desse país eu vou, ah se vou!

Té logo, Sum Paulo

Mas eu vorto.